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Israel e Hamas negociam no Cairo sob pressão do plano de paz de Trump

Hamas e Israel realizarão negociações indiretas no domingo e na segunda-feira no Cairo, com o objetivo de libertar os reféns e prisioneiros que cada lado mantém

Israel e Hamas negociam no Cairo sob pressão do plano de paz de Trump
Israel e Hamas negociam no Cairo sob pressão do plano de paz de Trump
Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, quer tomar o controle da Cidade de Gaza em uma ofensiva que deve aprofundar a violência no enclave palestino. Foto: ABIR SULTAN / POOL / AFP
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Negociadores israelenses e do Hamas são esperados neste domingo no Cairo para negociações indiretas sobre o plano Trump, que tem como objetivo encerrar a guerra em Gaza e garantir a libertação dos reféns — algo que o líder israelense Benjamin Netanyahu disse esperar “nos próximos dias”.

O enviado americano Steve Witkoff e o genro de Donald Trump, Jared Kushner, também são esperados no Egito para essas conversações.

Essa intensa movimentação diplomática, a dois dias do segundo aniversário do ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, ocorre após a resposta positiva do movimento islamista palestino ao plano de paz apresentado no final de setembro pelo presidente americano Donald Trump.

Em Jerusalém, Netanyahu anunciou no sábado que pediu à sua equipe de negociadores que fosse ao Egito — país mediador nesse processo — para “finalizar os detalhes técnicos”.

O canal Al-Qahera News, ligado aos serviços de inteligência egípcios, informou que Hamas e Israel realizarão negociações indiretas no domingo e na segunda-feira no Cairo, com o objetivo de libertar os reféns e prisioneiros que cada lado mantém.

Donald Trump advertiu que não “toleraria qualquer atraso” na implementação de seu plano, que prevê um cessar-fogo, a libertação dos reféns em até 72 horas, a retirada gradual do exército israelense de Gaza, o desarmamento do Hamas e o exílio de seus combatentes.

Ele também afirmou que Israel aceitou uma primeira “linha de retirada” entre 1,5 e 3,5 km dentro das fronteiras do território palestino, e que um cessar-fogo anterior à troca de prisioneiros “entrará imediatamente em vigor” assim que o Hamas o aceitar.

Em discurso televisionado, Netanyahu disse no sábado esperar que todos os reféns mantidos na Faixa de Gaza sejam trazidos de volta para casa “nos próximos dias”.

Hamas concorda com plano, mas ataques continuam

Na noite de sexta-feira, o Hamas declarou estar pronto para negociações imediatas visando à libertação dos reféns e ao fim da guerra, dentro do plano proposto. O presidente americano então pediu a Israel que “pare imediatamente os bombardeios em Gaza, para que possamos retirar os reféns de forma rápida e segura”.

Apesar do apelo do presidente americano, Israel continuou no sábado com os ataques à Faixa de Gaza, onde pelo menos 57 pessoas foram mortas durante o dia, segundo a Defesa Civil, que opera sob autoridade do Hamas.

O grupo islamista, por sua vez, não mencionou a questão de seu próprio desarmamento. “Isso acontecerá ou diplomaticamente pelo plano de Trump, ou militarmente por nós”, declarou Netanyahu em seu pronunciamento.

Como ocorre todos os sábados à noite, manifestações pedindo a libertação dos reféns foram realizadas em Jerusalém e Tel Aviv. “O povo quer paz”, diziam os cartazes.

“Quem vai parar Israel agora? As negociações precisam avançar mais rápido para acabar com esse genocídio e esse banho de sangue interminável”, disse Mahmoud al-Ghazi, de 39 anos, na cidade de Gaza, onde Israel conduz uma ofensiva de grande escala.

Plano de Trump prevê tecnocratas e força internacional

O plano americano também prevê a criação de uma autoridade de transição composta por tecnocratas sob supervisão de Donald Trump, além do envio de uma força internacional. O plano exclui qualquer papel do Hamas “na governança de Gaza”.

No entanto, em sua resposta ao plano na sexta-feira, o Hamas afirmou que pretende participar das discussões sobre o futuro do território.

O ataque de 7 de outubro resultou na morte de 1.219 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 47 continuam reféns em Gaza, das quais 25 estão mortas, segundo o exército.

A ofensiva de represália israelense causou pelo menos 67.074 mortes em Gaza, também em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde do Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

com AFP

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