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Israel e Hamas assinam no Egito ‘versão final’ de 1ª fase do plano de paz de Trump para Gaza

O acordo prevê a cessação das hostilidades e a libertação de israelenses em troca de prisioneiros palestinos

Israel e Hamas assinam no Egito ‘versão final’ de 1ª fase do plano de paz de Trump para Gaza
Israel e Hamas assinam no Egito ‘versão final’ de 1ª fase do plano de paz de Trump para Gaza
A Faixa de Gaza destruída pela guerra entre Israel e Hamas. Foto: Bashar TALEB / AFP
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Israel confirmou nesta quinta-feira 9 que “a versão final da primeira fase” do chamado acordo Trump foi assinado no Egito “por todas as partes” — o Estado de Israel e o movimento palestino Hamas. O anúncio ocorreu após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarar, na noite anterior, que ambos haviam aprovado a primeira etapa de seu plano de paz.

“A versão final da primeira fase foi assinada esta manhã no Egito por todas as partes para a libertação de todos os reféns” detidos em Gaza pelo Hamas ou outros grupos palestinos, disse Shosh Bedrosian, porta-voz do gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, numa conferência de imprensa online.

O acordo ainda deve ser validado pelo gabinete de segurança israelense, disse Bedrosian, acrescentando que um cessar-fogo entrará em vigor dentro de 24 horas após a aprovação.

O acordo prevê a cessação das hostilidades e a libertação de reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos. As negociações seguintes se concentram em transformar a trégua em um acordo de paz duradouro.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse nesta quinta-feira que “tentaria” viajar ao Egito para a assinatura do acordo de cessar-fogo e a libertação dos reféns, em resposta a convite do presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi.

“Tentaremos chegar lá e estamos trabalhando no momento exato. Iremos ao Egito, onde (…) teremos uma assinatura oficial” do acordo, disse ele durante a reunião com seu governo na Casa Branca.

Reunião em Paris

Horas após o anúncio da noite de quinta-feira, os principais aliados europeus e árabes dos Estados Unidos se reuniram em Paris para discutir o futuro de Gaza após a guerra. O encontro, liderado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, teve como objetivo coordenar esforços internacionais em torno da reconstrução e da governança da região.

Macron elogiou o “comprometimento pessoal de Donald Trump”, assim como o papel do emir do Catar, do presidente egípcio e do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, nas negociações. O líder francês afirmou que a conferência de Paris busca atuar como complemento do plano americano e contribuir para um “caminho ambicioso” rumo à paz.

O plano americano inclui o envio de uma força internacional de estabilização e medidas voltadas à reconstrução e à desmilitarização de Gaza.

Nem todos, porém, receberam positivamente a iniciativa francesa. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, classificou a conferência de Paris como “inútil e prejudicial”, acusando a França de agir “pelas costas de Israel”. Macron respondeu afirmando que a aceleração da construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia constitui uma “ameaça existencial ao Estado palestino” e contradiz o próprio plano americano.

No mês anterior, a Assembleia Geral das Nações Unidas havia aprovado uma resolução em apoio à solução de dois Estados, pedindo a rendição e o desarmamento do Hamas. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeitou qualquer reconhecimento de um Estado palestino independente ao lado de Israel.

Líderes internacionais saúdam acordo

O acordo assinado no Egito foi amplamente saudado por líderes internacionais. O presidente palestino Mahmoud Abbas expressou esperança de que a trégua leve ao fim da ocupação e à criação de um Estado palestino independente.

O presidente turco afirmou que seu país pretende participar do grupo de monitoramento do acordo e defendeu o envio urgente de ajuda humanitária à população de Gaza. O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, classificou o cessar-fogo e o retorno de prisioneiros como um passo crucial rumo à paz e à estabilidade. O rei Abdullah II da Jordânia reafirmou o apoio à criação de um Estado palestino, enquanto Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos e China destacaram a importância de aliviar o sofrimento humanitário e retomar o diálogo político.

Na Europa, líderes como o britânico Keir Starmer, o alemão Friedrich Merz, o espanhol Pedro Sánchez e a italiana Giorgia Meloni elogiaram o acordo e manifestaram disposição em participar da reconstrução de Gaza. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, assegurou que a União Europeia continuará a apoiar a entrega rápida de ajuda humanitária e contribuirá financeiramente para a recuperação da região.

O Crescente Vermelho Egípcio informou que 153 caminhões de ajuda humanitária já foram enviados à Faixa de Gaza pela travessia de Rafah. A ONU garantiu possuir medicamentos e suprimentos alimentares suficientes para atender toda a população pelos próximos três meses. A Organização Mundial da Saúde declarou estar pronta para reforçar o atendimento médico e ajudar na reabilitação do sistema de saúde local, em grande parte destruído durante os combates.

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