Mundo
Israel critica os EUA e pede a imposição de limites ao Irã
Premier israelense escancara divergência com Obama. AIEA teria novas evidências de que o programa nuclear do Irã tem objetivos bélicos
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, decidiu deixar claro nesta terça-feira 11 suas desavenças com o governo dos Estados Unidos a respeito de como lidar com o programa nuclear do Irã. Em uma entrevista coletiva em Jerusalém, Netanyahu respondeu aos comentários recentes de autoridades norte-americanas e disse que, se a comunidade internacional não estabelecer limites para o Irã, não pode exigir que Israel não ataque as instalações nucleares iranianas.
“O mundo diz a Israel que ainda há tempo. Eu respondo: tempo para quê, tempo até quando?”, questionou Netanyahu durante uma entrevista coletiva com o primeiro-ministro da Bulgária, Boiko Borissov. “Aqueles da comunidade internacional que se recusam a fixar limites ao Irã não tem o direito moral de impô-los a Israel”, advertiu Netanyahu. “O fato é que a cada dia que passa, o Irã está cada vez mais perto da bomba nuclear. Se o Irã sabe que não há limites ou prazo máximo, o que fará? Exatamente o que está fazendo: continuar sem qualquer interferência para obter capacidades nucleares e, a partir daí, bombas atômicas”, completou Netanyahu.
As frases do premiê israelense foram direcionadas aos Estados Unidos. Em entrevista veiculada no domingo 9 pela rádio Bloomberg, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que a Casa Branca não “está estabelecendo datas-limite” para o Irã. A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, reafirmou na segunda-feira 10 que o presidente Barack Obama tem um compromisso de impedir que o Irã obtenha armas nucleares, e afirmou que o estabelecimento de datas-limites ou limites de desenvolvimento nuclear ao Irã seria inútil.
A indignação de Netanyahu coincide com uma reportagem da agência de notícias Associated Press que coloca mais pressão sobre o Irã. De acordo com a AP, cinco diplomatas confirmaram, de forma anônima, que a Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) tem novas evidências de que o programa nuclear iraniano tem objetivos bélicos. As evidências, obtidas por Israel, Estados Unidos e outros dois países ocidentais, provariam que em algum momento nos últimos três anos o Irã teria usado modelos matemáticos para calcular o poder de destruição de ogivas nucleares.
Ao escancarar as divergências com os EUA, Netanyahu pode ter uma de duas intenções. O premiê israelense poderia estar tentando forçar a Casa Branca a estabelecer limites ao Irã, passando assim o fardo da pressão sobre Teerã aos EUA. A Casa Branca resiste a tal estratégia por dois motivos. Primeiramente, porque há enorme dificuldade para verificar se o Irã cruzará ou não os limites impostos. Em segundo lugar, o estabelecimento de “linhas vermelhas” serviria como ultimato, em último caso obrigando os EUA a atacar para mostrar que não estão blefando. A dois meses das eleições, as chances de Barack Obama ampliar a pressão contra o Irã é praticamente nula.
A segunda possível estratégia de Netanyahu seria justificar um ataque. Não se sabe se o primeiro-ministro israelense tem mesmo a intenção de atacar e, caso tenha, se conseguirá estabelecer um consenso dentro de Israel. Em agosto, o presidente de Israel, Shimon Peres, pode ter conseguido bloquear o ímpeto de Netanyahu. Caso a intenção de atacar o Irã em breve seja verdadeira, Netanyahu deve estar ciente da possibilidade de perder seu maior aliado, os EUA. Não há dúvidas de que a retaliação iraniana teria interesses americanos como alvo. Criar a possibilidade de isso ocorrer no período eleitoral seria visto como imperdoável pelos políticos americanos, tanto democratas quanto republicanos.
Com informações da AFP. Leia mais em AFP Movil
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, decidiu deixar claro nesta terça-feira 11 suas desavenças com o governo dos Estados Unidos a respeito de como lidar com o programa nuclear do Irã. Em uma entrevista coletiva em Jerusalém, Netanyahu respondeu aos comentários recentes de autoridades norte-americanas e disse que, se a comunidade internacional não estabelecer limites para o Irã, não pode exigir que Israel não ataque as instalações nucleares iranianas.
“O mundo diz a Israel que ainda há tempo. Eu respondo: tempo para quê, tempo até quando?”, questionou Netanyahu durante uma entrevista coletiva com o primeiro-ministro da Bulgária, Boiko Borissov. “Aqueles da comunidade internacional que se recusam a fixar limites ao Irã não tem o direito moral de impô-los a Israel”, advertiu Netanyahu. “O fato é que a cada dia que passa, o Irã está cada vez mais perto da bomba nuclear. Se o Irã sabe que não há limites ou prazo máximo, o que fará? Exatamente o que está fazendo: continuar sem qualquer interferência para obter capacidades nucleares e, a partir daí, bombas atômicas”, completou Netanyahu.
As frases do premiê israelense foram direcionadas aos Estados Unidos. Em entrevista veiculada no domingo 9 pela rádio Bloomberg, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou que a Casa Branca não “está estabelecendo datas-limite” para o Irã. A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, reafirmou na segunda-feira 10 que o presidente Barack Obama tem um compromisso de impedir que o Irã obtenha armas nucleares, e afirmou que o estabelecimento de datas-limites ou limites de desenvolvimento nuclear ao Irã seria inútil.
A indignação de Netanyahu coincide com uma reportagem da agência de notícias Associated Press que coloca mais pressão sobre o Irã. De acordo com a AP, cinco diplomatas confirmaram, de forma anônima, que a Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) tem novas evidências de que o programa nuclear iraniano tem objetivos bélicos. As evidências, obtidas por Israel, Estados Unidos e outros dois países ocidentais, provariam que em algum momento nos últimos três anos o Irã teria usado modelos matemáticos para calcular o poder de destruição de ogivas nucleares.
Ao escancarar as divergências com os EUA, Netanyahu pode ter uma de duas intenções. O premiê israelense poderia estar tentando forçar a Casa Branca a estabelecer limites ao Irã, passando assim o fardo da pressão sobre Teerã aos EUA. A Casa Branca resiste a tal estratégia por dois motivos. Primeiramente, porque há enorme dificuldade para verificar se o Irã cruzará ou não os limites impostos. Em segundo lugar, o estabelecimento de “linhas vermelhas” serviria como ultimato, em último caso obrigando os EUA a atacar para mostrar que não estão blefando. A dois meses das eleições, as chances de Barack Obama ampliar a pressão contra o Irã é praticamente nula.
A segunda possível estratégia de Netanyahu seria justificar um ataque. Não se sabe se o primeiro-ministro israelense tem mesmo a intenção de atacar e, caso tenha, se conseguirá estabelecer um consenso dentro de Israel. Em agosto, o presidente de Israel, Shimon Peres, pode ter conseguido bloquear o ímpeto de Netanyahu. Caso a intenção de atacar o Irã em breve seja verdadeira, Netanyahu deve estar ciente da possibilidade de perder seu maior aliado, os EUA. Não há dúvidas de que a retaliação iraniana teria interesses americanos como alvo. Criar a possibilidade de isso ocorrer no período eleitoral seria visto como imperdoável pelos políticos americanos, tanto democratas quanto republicanos.
Com informações da AFP. Leia mais em AFP Movil
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