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Israel bombardeia o Catar em busca de ‘líderes do alto escalão’ do Hamas; movimento informa que houve mortes

Segundo lideranças do próprio Hamas, o negociador-chefe do grupo, Khalil al-Hayya, era o principal alvo, mas sobreviveu; seis pessoas morreram, incluindo o filho de al-Hayya e um agente de segurança catari

Israel bombardeia o Catar em busca de ‘líderes do alto escalão’ do Hamas; movimento informa que houve mortes
Israel bombardeia o Catar em busca de ‘líderes do alto escalão’ do Hamas; movimento informa que houve mortes
Coluna de fumaça em Doha após os bombardeios israelenses – Imagem: Reprodução/Al Jazeera
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As forças armadas israelenses bombardearam edifícios em Doha, no Catar, nesta terça-feira 9. Os ataques foram confirmados por autoridades de Israel e do Catar, além de lideranças do movimento palestino Hamas, que informaram que ao menos seis pessoas morreram.

Em entrevista à emissora Al Jazeera, que tem sede no Catar, Suhail al-Hindi, funcionário do Hamas, informou que o principal alvo da investida israelense, o negociador-chefe Khalil al-Hayya, sobreviveu. Entre as seis pessoas que morreram estariam o filho dele, um assessor e um agente de segurança catari.

O Catar atua como mediador nas negociações entre o governo israelense e o Hamas, em busca de interrupção dos ataques que já deixaram mais de 60 mil palestinos mortos, incluindo dezenas de milhares de mulheres e crianças na Faixa de Gaza.

De acordo com os israelenses, o objetivo era atingir “líderes de alto escalão” do Hamas. Ao justificar o ataque, o Exército de Israel afirmou que “por anos, esses membros da liderança do Hamas dirigiram as operações da organização terrorista, são diretamente responsáveis pelo massacre brutal de 7 de outubro e orquestraram e administraram a guerra contra o Estado de Israel”.

Segundo o governo de Benjamin Netanyahu, os ataques no Catar representam uma ação “independente” de Israel – ou seja, sem apoio dos aliados ocidentais. “Israel iniciou, Israel executou e Israel tem total responsabilidade”, informou uma nota do gabinete do primeiro-ministro israelense.

Um funcionário de alto escalão da Casa Branca, porém, informou à AFP, sob anonimato, que os israelenses notificaram o governo de Donald Trump antes dos bombardeios. O Catar é um dos aliados dos EUA no Oriente Médio, e abriga uma base militar estadunidense em seu território.

Horas após os ataques, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Trump considerou o ataque “infeliz”. Ainda de acordo com Leavitt, Trump falou com Netanyahu e com o emir do Catar, Tamim bin Hamad bin Khalifa Al Thani, a quem teria dito que não haverá novos bombardeios do tipo.

Colunas de fumaça puderam ser vistas de diversas localidades em Doha. Um jornalista da AFP que trabalha na capital catari confirmou que o bombardeio atingiu um complexo utilizado pelo Hamas na cidade. O movimento palestino, por sua vez, informou que os israelenses atacaram negociadores do grupo.

Uma autoridade do Hamas em Gaza disse à AFP, sob condição de anonimato, que Israel atacou a delegação de negociação do movimento islamista “enquanto ela discutia a proposta do presidente [dos EUA] Donald Trump para um cessar-fogo na Faixa de Gaza”.

Segundo fontes palestinas, a proposta prevê a libertação gradual dos reféns durante uma trégua inicial de 60 dias, em troca de prisioneiros palestinos mantidos por Israel.

O governo do Catar condenou o ataque e descreveu o bombardeio como “covarde”. Ainda segundo informações oficiais de Doha, foram atingidos edifícios residenciais onde vivem integrantes do braço político do Hamas.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que o ataque representa uma “violação flagrante” da soberania do Catar, além de ameaçar o avanço das negociações por um cessar-fogo.

“Acabamos de tomar conhecimento dos ataques de Israel no Catar, um país que tem desempenhado um papel muito positivo na busca de um cessar-fogo e na libertação de todos os reféns. Condeno esta violação flagrante da soberania e da integridade territorial do Catar”, disse Guterres à imprensa.

O Irã, um importante aliado do Hamas, classificou o ataque como uma “grave violação de todas as normas e regulamentos internacionais”. A Jordânia e os Emirados Árabes Unidos também o condenaram. Segundo o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, trata-se de “uma extensão da brutal agressão israelense que ameaça a segurança e a estabilidade da região”.

Com informações da AFP.

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