Mundo
Israel acusa Hezbollah de usar hospital como esconderijo de dinheiro; entenda a acusação
Exército israelense diz que identificou uma espécie de ‘bunker’ onde grupo guardava US$ 500 milhões; diretor da unidade médica, localizada em Beirute, nega


O grupo Hezbollah é acusado de usar um hospital em Beirute, a capital do Líbano, para esconder ouro e milhões de dólares em dinheiro vivo. A suspeita foi levanta pelo Exército israelense, que, na noite de segunda-feira 21, disse ter encontrado mais de 500 milhões de dólares do grupo no subsolo de um centro médico conhecido como Al-Sahel.
“É um dinheiro roubado dos cidadãos do Líbano e usado para atividades terroristas”, acusaram as Forças de Defesa de Israel.
Segundo o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari, o dinheiro “poderia ter sido usado para reabilitar o Líbano, mas foi usado para reabilitar o Hezbollah”. Ele indicou que uma aeronave israelense estaria monitorando o hospital, mas que não pretende atacar a unidade.
Hezbollah’s central financial facility also served as Nasrallah’s hiding place for years.
Watch to see where it’s located: pic.twitter.com/0wbAyhr8XH
— Israel Defense Forces (@IDF) October 22, 2024
Já o diretor do hospital, Fadi Alameh, disse à agência Reuters que as afirmações de Israel são falsas. Ele acusou o país de promover calúnia, chegando a pedir que o exército libanês visitasse o local e revelasse que só existiam salas de cirurgias e um necrotério.
Dinheiro escondido
Boa parte da comunidade internacional considera o Hezbollah um grupo terrorista. Significa dizer que, na prática, empresas de países que rechaçam o Hezbollah não podem fazer negócios, formalmente, com o grupo.
Isso exige do Hezbollah alguma – ou algumas – fonte básica de financiamento. Uma delas é o Irã. Na mesma coletiva de imprensa em que citou o dinheiro escondido no hospital, Hagari detalhou como funcionava a estrutura de financiamento do Hezbollah.
Segundo ele, o Irã usaria três meios de transferir recursos para o grupo. O primeiro é enviando petróleo e dinheiro para a Síria. Com a venda de petróleo feita no país vizinho, o lucro seria enviado ao Hezbollah.
Já o segundo teria uma roupagem diplomática. A transferência seria feita para a embaixada iraniana em Beirute, também utilizando recursos oriundos da venda de petróleo.
O terceiro, por último, partiria da venda de ativos por parte do Irã. Exemplo disso seria o lucro obtido pela exportação de gás para a Síria.
O bunker descoberto nesta segunda já era vigiado por Israel há algum tempo. Segundo as tropas israelenses, era lá que se escondia Hassan Nasrallah, o número 1 do Hezbollah, que foi morto no final de setembro.
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