Mundo

Isolado, Putin não viajará a Bali para reunião do G20

Com isso, o presidente russo evita uma recepção fria e um possível mal-estar, como a exclusão da tradicional foto conjunta dos líderes

Foto: Gavriil GRIGOROV/SPUTNIK/AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, não viajará para a reunião de líderes dos G20 em Bali na próxima semana – anunciou o Kremlin nesta quinta-feira (10), em um sinal do crescente isolamento diplomático do chefe de Estado desde o início da ofensiva na Ucrânia.

A delegação russa na Indonésia será liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, informou o Kremlin às agências de notícias do país, confirmando um anúncio feito à AFP pela embaixada da Rússia em Jacarta.

“A agenda do presidente Putin ainda está sendo organizada. Ele poderia participar virtualmente”, disse à AFP a diretora de protocolo da representação diplomática, Yulia Tomskaya.

Há vários meses, analistas especulavam sobre a presença, ou não, de Putin na reunião, que acontecerá em 15 e 16 de novembro na ilha turística indonésia de Bali. Este será o maior encontro do G20 desde o início da pandemia da covid-19, no fim de 2019.

A ausência de Putin evidencia o crescente isolamento da Rússia no cenário internacional desde que suas tropas invadiram a Ucrânia no final de fevereiro deste ano.

A posição russa na Ucrânia parece complicada, após o anúncio na quarta-feira da retirada de suas tropas de Kherson, uma capital regional estratégica que ocupavam no sul ucraniano.

Os países ocidentais criticam a ofensiva russa e apoiam a Ucrânia. Mesmo aliados de Moscou, como Índia e China, criticaram Putin publicamente.

Ao não viajar para Bali para o encontro das 20 principais economias do planeta, Putin evita uma recepção fria e um possível mal-estar, como a exclusão da tradicional foto conjunta dos líderes.

O presidente americano, Joe Biden, que já chamou Putin de “criminoso de guerra”, afirmou que não tinha a intenção de se reunir com seu homólogo em Bali, mesmo que o presidente russo comparecesse ao evento.

O chefe da diplomacia russa abandonou uma reunião de ministros das Relações Exteriores do G20 em Bali, em julho, após as críticas ocidentais pela invasão da Ucrânia.

A Indonésia foi muito pressionada pelas potências ocidentais para excluir a Rússia do encontro como resposta à guerra da Ucrânia, mas o país anfitrião defendeu sua neutralidade no evento.

O presidente indonésio, Joko Widodo, afirmou que Putin seria convidado para a reunião e anunciou, em agosto, que o convite havia sido aceito.

Jacarta também convidou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, para uma participação virtual, embora o país não integre o G20.

Analistas destacam que a ausência de Putin afetará a reunião, impedindo a possibilidade de encontrar soluções para o conflito na Ucrânia e suas consequências econômicas globais.

As potências ocidentais estabeleceram sanções severas contra Moscou, mas a abordagem dos governos a respeito de Putin é diferente.

Desde o início da guerra, por exemplo, Biden evitou qualquer contato com o colega russo, enquanto o presidente francês, Emmanuel Macron, fez um alerta contra o isolamento completo de Putin no cenário internacional.

Além disso, embora as sanções tenham afetado a Rússia, outras potências prosseguiram com seus laços com Moscou. Índia e China, ambas presentes no G20, aumentaram suas compras de petróleo russo.

As conversas no G20 serão ofuscadas por divisões sobre a situação na Ucrânia, que provocou uma crise alimentar global e elevou os preços da energia.

Até hoje, todas as reuniões do G20 terminaram sem comunicados conjuntos, e não se prevê um resultado diferente desta vez, em um cenário de troca de acusações pelas tensões globais.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo