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Irmã de refém cujo corpo foi recuperado pelo Exército de Israel em Gaza acusa governo de “covarde”

O corpo de Elad Katzir foi repatriado para Israel, onde foi formalmente identificado, disse o exército, que expressou as suas “mais profundas condolências à família”

Soldados israelenses em Gaza. Foto: Menahem KAHANA / AFP
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O exército israelense anunciou no sábado (6) que recuperou durante a noite o corpo de um refém em Khan Younes, no sul da Faixa de Gaza, morto no cativeiro. No momento da invasão do Hamas a cidades no sul de Israel, em 7 de outubro passado, o refém Elad Katzir tinha 47 anos. Ele foi capturado no Kibutz Nir Oz e, de acordo com relatórios de inteligência israelense, “morreu em cativeiro que era mantido pela organização terrorista Jihad Islâmica”, disse um comunicado do exército.

A mãe do refém morto, Hanna, que também havia sido sequestrada foi libertada em 24 de novembro, como parte da única trégua em seis meses de guerra entre Israel e o Hamas. Seu pai, Avraham, foi morto no dia do ataque do movimento islâmico palestino ao kibutz.

O corpo de Elad Katzir foi repatriado para Israel, onde foi formalmente identificado, disse o exército, que expressou as suas “mais profundas condolências à família”. “Nossa missão é localizar e trazer os reféns para casa”, acrescenta o comunicado militar.

Porém, para a irmã do refém morto, libertá-lo vivo “poderia ter sido possível” se um acordo sobre os reféns tivesse sido alcançado a tempo. “Os nossos líderes são covardes e movidos por considerações políticas, é por esta razão que ainda não foi alcançado um acordo”, disse Carmit Palty Katzir em sua conta no Facebook.

“Elad foi levado vivo e inteiro de sua casa em Nir Oz, e foi filmado duas vezes durante seu cativeiro” por captores, aponta a israelense. “Primeiro-ministro, gabinete de guerra, membros da coligação (do governo). Olhem-se no espelho e digam que suas mãos não estão cobertas com sangue”, critica Carmit.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta revolta cada vez maior da opinião pública, que o acusa de não ter conseguido libertar os reféns do Hamas. Dentro do Poder Executivo, há vozes que pedem eleições antecipadas.

Negociações no Cairo

As conversas para uma nova trégua na Faixa de Gaza devem ser retomadas neste fim de semana no Cairo. O presidente americano, Joe Biden, escreveu ao presidente do Egito e ao emir do Catar para pedir que obtenham do Hamas um compromisso de aceitar e respeitar um acordo com Israel. O chefe da CIA, Bill Burns, participará pessoalmente das negociações na capital do Egito.

Ontem, sob pressão internacional para aliviar a situação humanitária na Faixa de Gaza, Israel prometeu autorizar a entrega “temporária” de mais ajuda e admitiu “erros” no bombardeio que matou sete trabalhadores humanitários no território palestino arrasado por seis meses de guerra.

O governo aprovou a entrada de ajuda pelo posto de Erez, no norte de Gaza, o que flexibilizaria o cerco que impôs pouco depois de lançar sua ofensiva contra o Hamas, no poder no território palestino, em represália ao ataque letal de comandos islamistas no sul de Israel em 7 de outubro. Também prometeu habilitar o porto de Ashdod, cerca de 35 km ao norte de Gaza, para a recepção de insumos, e autorizou “o aumento da ajuda” pelo posto de Kerem Shalom, no sul.

Esses anúncios foram feitos um dia após os Estados Unidos, principal aliado e fornecedor de armas de Israel, condicionarem pela primeira vez seu apoio às medidas que Israel adotasse para proteger os civis e os trabalhadores humanitários em Gaza.

Os comandos que atacaram Israel em 7 de outubro mataram 1.170 pessoas, a maioria civis, segundo a contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses. Eles também capturaram mais de 250 pessoas, das quais 130 ainda estão retidas em Gaza, incluindo 34 que teriam falecido, segundo as autoridades israelenses.

A ofensiva aérea e terrestre lançada por Israel em represália já deixou pelo menos 33.137 mortos, principalmente civis, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas em Gaza.

Ver para crer

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que as medidas anunciadas estavam de acordo com o que havia pedido ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na quinta-feira. Questionado se havia ameaçado suspender a ajuda militar a Israel, Biden respondeu ao sair da Casa Branca: “Eu pedi a eles para fazerem o que estão fazendo”.

Mesmo assim, algumas horas antes, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, lembrou que Washington esperava resultados concretos “nos próximos dias e semanas”.

Biden também instou na quinta-feira Netanyahu a alcançar um “cessar-fogo” com o Hamas, em um contexto de tensão ante uma possível operação terrestre israelense em Rafah, no sul, onde se amontoam 1,5 milhão de pessoas deslocadas pelos combates.

Desde o início da guerra em Gaza, tem crescido o temor de que o conflito adquira uma dimensão regional. O líder do Hezbollah pró-iraniano do Líbano, Hasan Nasrallah, considerou nesta sexta-feira “inevitável” que o Irã reaja ao bombardeio, atribuído a Israel, de seu consulado em Damasco, que matou 16 pessoas, incluindo dois generais.

No sul do Líbano, este movimento e outro grupo aliado anunciaram a morte de seis de seus combatentes alvos de bombardeios israelenses.

Com informações da AFP

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