Mundo
Irlanda vai investigar 2.400 suspeitas de abuso infantil em escolas católicas
As autoridades anunciaram que abrirão uma comissão de investigação sobre o assunto, que poderá se estender além das escolas administradas por congregações religiosas


A Irlanda abrirá uma comissão de investigação sobre a violência sexual nas escolas católicas depois que um relatório revelou 2.395 supostos casos de abuso, o mais antigo datando da década de 1970.
O estudo, encomendado pelo governo, mostra que as alegações se referem a 308 escolas ou internatos no país, anteriormente ou atualmente administrados por ordens religiosas.
As alegações dizem respeito a 884 pessoas que trabalharam nessas instituições. Os casos mais antigos datam de 1970 e os mais recentes de 2023. Metade dos supostos autores dos abusos já está morta.
O estudo destaca que a maioria dos abusos ocorreu em instalações para crianças com necessidades especiais. De acordo com o documento, há 590 alegações contra 190 supostos abusadores em 17 dessas instalações.
O órgão que representa as ordens católicas da Irlanda se desculpou e disse que estava “profundamente devastado” e se comprometeu a “cooperar totalmente”.
“Sombra do passado”
O primeiro-ministro irlandês, Simon Harris, descreveu o escândalo como “uma sombra do passado que continua a pairar sobre tantas vidas, tantas famílias, tantas comunidades”. A ministra da Educação, Norma Foley, disse que “a escala dessa violência é chocante, assim como o número de supostos agressores”.
A investigação foi encomendada após a transmissão do documentário Blackrock Boys sobre violência sexual no internato para meninos do Blackrock College em Dublin.
Inicialmente, o inquérito se concentrou nas escolas administradas por instituições católicas, mas as autoridades não descartam a possibilidade de estendê-lo a outros tipos de estabelecimentos educacionais no futuro.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.