Mundo
Irã veta ex-presidente e candidato de Ahmadinejad da corrida eleitoral
Decisão do Conselho de Guardiães afasta das eleições de 14 de junho nomes que desagradavam os mais conservadores do regime e abre caminho para políticos do círculo de confiança do aiatolá Ali Khamenei
A imprensa estatal iraniana anunciou nesta terça-feira (21/05) que estão vetadas da corrida eleitoral as candidaturas de Esfandiar Rahim Mashaie, aliado próximo do atual presidente Mahmoud Ahmadinejad, e do ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, que concentrava boa parte das esperanças de reformas na cerceada República Islâmica.
A decisão do poderoso Conselho de Guardiães, que aprova ou rejeita presidenciáveis no Irã, abre caminho para que as forças mais conservadoras sucedam Ahmadinejad – que não pode mais se reeleger – nas eleições de 14 de junho.
Entre os oito candidatos que teriam sido aprovados estão Said Yalili, chefe negociador para a questão nuclear; o ex-chanceler Ali Akbar Velayati; o ex-prefeito de Teerã Mohamed Qalibaf; e o ex-presidente do Parlamento Gholam-Ali Haddad – todas figuras conservadoras e de comprovada lealdade ao aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país.
Há dias já especulava-se que as candidaturas poderiam ser barradas. Presidente entre 1989 e 1997, Rafsanjani era apoiado por reformistas e criticado pelas alas mais conservadoras do regime por ter apoiado as manifestações realizadas após a controversa reeleição Ahmadinejad, há quatro anos.
Na ocasião, milhares de pessoas, convocadas por várias forças da oposição, organizaram protestos contra a reeleição de Ahmadinejad. Para muitos iranianos, a reeleição do presidente – hoje rival de Khamenei – foi manipulada pelas forças conservadoras leais ao aiatolá.
As relações entre Khamenei e Ahmadinejad, no entanto, estão arranhadas há anos, num processo de deterioração que ganhou força em abril de 2011. Na época, o presidente pressionou o então ministro da inteligência, Haidar Moslehi, um aliado do aiatolá, a renunciar, mas Khamenei cuidou para que ele voltasse ao cargo.
Ao excluir os dois candidatos, o regime dos aiatolás tenta silenciar as principais forças moderadas e opositoras e evitar uma repetição dos protestos de 2009. Ao mesmo tempo, afasta vozes dissidentes num momento delicado para o Irã, minado pela série de sanções internacionais impostas pelo Ocidente por conta de seu programa nuclear.
RPR/ rpr/ afp/ ap
DW.DE
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