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Irã e Israel trocam acusações e rejeitam trégua no Conselho de Segurança da ONU

Países fazem ameaças em reunião que contou com a presença extraordinária do secretário-geral da entidade, António Guterres

Irã e Israel trocam acusações e rejeitam trégua no Conselho de Segurança da ONU
Irã e Israel trocam acusações e rejeitam trégua no Conselho de Segurança da ONU
Conselho de segurança da ONU. Foto: TIMOTHY A. CLARY / AFP
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O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas se reuniu em caráter emergencial nesta quarta-feira 2 para discutir a escalada da guerra no Oriente Médio. O evento, como previsto, mostrou que não há sinais de trégua.

Os representantes de Israel e do Irã trocaram acusações, horas após o ataque excutado por Teerã na terça-feira. O embaixador iraelense, Danny Danon, disse que o país está “sob ataque”.

“Não se trata apenas de mais um ato de escalada militar. Trata-se de um ataque contra nossa existência, e o mundo assiste em silêncio”, acusou o diplomata. 

Tel Aviv não deu mostras de que pretende atenuar o conflito. “Israel vai se defender. As consequências vão ser muito maiores do que poderiam imaginar“, ameaçou Danon, enfatizando que o país “responderá com força”.

O embaixador do Irã na ONU, Amir Iravani, falou logo depois do representante israelense e, contrariando as tentativas de mediação da maioria dos presentes, não hesitou em dizer que o país poderá “tomar medidas extras de defesa”, caso Israel promova ações de retaliação.

“O regime [Israel] está levando a região para uma catástrofe sem precedentes”, avaliou Iravani, cobrando o conselho para que analise as denúncias de crimes de guerra contra o governo de Benjamin Netanyahu. Apesar das críticas ao ataque de terça, o Irã tratou dos disparos de quase 200 mísseis como uma “autodefesa”.

Também participou do encontro o secretário-geral da ONU, António Guterres. Não é comum que o chefe das Nações Unidas esteja em reuniões do conselho, mas, dada a gravidade da crise militar e diplomática no Oriente Médio, ele se juntou aos demais representantes para condenar “fortemente” o ataque do Irã contra Israel.

A participação de Guterres também foi marcante em razão do fato de que, pouco antes do evento, ele foi declarado persona non grata em Israel, em movimento de explícito distanciamento entre o governo de Netanyahu e o secretário-geral da ONU.

Guterres também cobrou respeito à “soberania do Líbano”. Nas últimas semanas, o país foi alvo de ataques das tropas de Netanyahu. No início desta semana, Israel confirmou a incursão contra o sul do Líbano, entrando em confronto direto com o Hezbollah.

A incursão elevou a já candente tensão no território. Nesta quarta, como consequência da ação, oito soldados israelenses morreram em embates diretos com integrantes do Hezbollah.

Peça-chave do tabuleiro no Oriente Médio, o Líbano também participou do encontro e, por meio de seu representante, disse que Israel promoveu uma “agressão bárbara”. “Eles [Israel] dizem que o objetivo são alvos do Hezbollah. Mas há muitos civis mortos. Crianças no sul de Beirute estão dormindo nas ruas. Isso não pode mais ser tolerado.”

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