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Irã e Arábia Saudita retomam as relações após 7 anos

A decisão, anunciada nesta sexta-feira 10, envolve reabrir embaixadas e missões nos próximos 60 dias

O secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, Ali Shamkhani, cumprimenta o diretor do Escritório da Comissão de Assuntos Estrangeiros do Partido Comunista da China, Wang Yi, em 10 de março. Foto: Nournews Agency/AFP
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Irã e Arábia Saudita, países rivais com grande influência no Oriente Médio, concordaram retomar, no prazo de dois meses, suas relações diplomáticas, interrompidas em 2016.

A decisão, anunciada nesta sexta-feira 10, envolve reabrir embaixadas e missões nos próximos 60 dias, informou a agência de notícias oficial iraniana Irna, citando um comunicado conjunto. A agência de notícias oficial saudita também publicou o texto.

Os ministros das Relações Exteriores de ambos os países “irão implementar esta decisão e tomar as providências necessárias para a troca de embaixadores”, acrescentou o comunicado.

A Arábia Saudita cortou relações diplomáticas com o Irã sete anos atrás, depois que cidadãos iranianos atacaram missões diplomáticas sauditas na república islâmica após a execução, em Riade, do clérigo xiita Nimr al Nimr.

À época, outros países do Golfo se juntaram à Arábia Saudita ao decidirem reduzir suas relações diplomáticas com Teerã, incluindo Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Bahrein.

O chefe da diplomacia iraniana, Hossein Amir-Abdollahian, comemorou no Twitter o retorno das relações entre os dois países.

“O retorno das relações normais entre Teerã e Riade oferece grandes possibilidades para ambos os países, para a região e para o mundo muçulmano”, afirmou. O ministério lançará outras iniciativas regionais, acrescentou.

Ali Shamkhani, secretário do Conselho de Segurança Nacional do Irã, viajou à China na terça-feira para “negociações intensivas com seu homólogo saudita, a fim de finalmente resolver as questões entre Teerã e Riad”, reportou a Irna.

Por sua vez, o líder do grupo libanês Hezbollah, que tem o apoio do Irã, classificou o acordo de “avanço positivo”. “Poderia abrir novos horizontes na região”, declarou Hassan Nasrallah, que costuma ser crítico com a Arábia Saudita.

A Casa Branca também elogiou o acordo, mas disse ser necessário conferir se os iranianos “cumprirão suas obrigações”.

‘Nova página’

O Irã, de maioria xiita, e a Arábia Saudita, de maioria sunita, apoiam rivais em várias zonas de conflito no Oriente Médio.

Teerã tem grande influência no Iraque e no Líbano e apoia militar e politicamente o governo sírio. No Iêmen, endossa os rebeldes huthis, enquanto Riade lidera uma coalizão militar pró-governo.

Em sua declaração conjunta, os dois países agradecem à China, à República do Iraque e ao Sultanato de Omã por “terem acolhido” as negociações entre as duas partes, em 2021, 2022 e 2023.

O Iraque, que faz fronteira com os dois países, sediou várias rodadas de negociações entre o Irã e a Arábia Saudita desde abril de 2021.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores iraquiano comemorou a abertura de uma “nova página” nas relações diplomáticas dos dois países.

Em 2021, a China assinou um amplo acordo estratégico de 25 anos com o Irã em setores tão variados quanto energia, segurança, infraestrutura e comunicações.

“Os três países [Irã, Arábia Saudita e China] declaram sua firme vontade de fazer todos os esforços para fortalecer a paz e a segurança regional e internacional”, disse o documento conjunto.

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, esteve na China em fevereiro, em uma visita de Estado de três dias. Foi a primeira vez que um líder iraniano viajou ao país asiático em mais de 20 anos.

Nos últimos meses, os Emirados Árabes Unidos e o Kuwait também retomaram relações diplomáticas com o Irã.

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