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Irã cobra explicações do Brasil sobre apoio aos Estados Unidos

O governo brasileiro se alinhou aos EUA e classificou o general iraniano Qassem Soleimani como terrorista

Bolsonaro e Ernesto Araújo (Foto: Valter Campanato/EBC) Ernesto Araujo. Foto: Valter Campanato/EBC
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Após o Itamaraty apoiar os EUA no ataque com drones que matou o general iraniano Qassem Soleimani, a Chancelaria do Irã convocou o representante do Brasil em Teerã, no domingo 5, para pedir explicações à diplomacia brasileira sobre o posicionamento.

Segundo informou o jornal O Globo, a encarregada de negócios da embaixada, Maria Cristina Lopes, representou o governo brasileiro na reunião no Ministério das Relações Exteriores iraniano, já que o embaixador do Brasil naquele país, Rodrigo Azeredo, está de férias.

A conversa, segundo informou o Ministério das Relações Internacionais, foi cordial e diplomática. “A conversa, cujo teor é reservado e não será comentado pelo Itamaraty, transcorreu com cordialidade, dentro da usual prática diplomática.”

A nota que precisou ser explicada ao governo iraniano foi divulgada pelo Itamaraty na última sexta-feira 3, um dia após o ataque americano no Iraque. Em tom de alinhamento com os norte-americanos e sem citar o Irã, a nota defende uma luta global contra o terrorismo e diz que o Brasil está “pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos”.

Ainda segundo a nota do Itamaraty, o país “acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, inclusive seu impacto sobre os preços do petróleo”, preocupação também demonstrada pelo presidente Jair Bolsonaro em entrevista.

“O Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá (…) e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque naquele país”, encerra.

Leia a íntegra da nota:

Acontecimentos no Iraque e luta contra o terrorismo

Ao tomar conhecimento das ações conduzidas pelos EUA nos últimos dias no Iraque, o Governo brasileiro manifesta seu apoio à luta contra o flagelo do terrorismo e reitera que essa luta requer a cooperação de toda a comunidade internacional sem que se busque qualquer justificativa ou relativização para o terrorismo.

O Brasil está igualmente pronto a participar de esforços internacionais que contribuam para evitar uma escalada de conflitos neste momento.

O terrorismo não pode ser considerado um problema restrito ao Oriente Médio e aos países desenvolvidos, e o Brasil não pode permanecer indiferente a essa ameaça, que afeta inclusive a América do Sul.

Diante dessa realidade, em 2019 o Brasil passou a participar em capacidade plena, e não mais apenas como observador, da Conferência Ministerial Hemisférica de Luta contra o Terrorismo, que terá nova sessão em 20 de janeiro em Bogotá.

O Brasil acompanha com atenção os desdobramentos da ação no Iraque, inclusive seu impacto sobre os preços do petróleo, e apela uma vez mais para a unidade de todas as nações contra o terrorismo em todas as suas formas.

O Brasil condena igualmente os ataques à Embaixada dos EUA em Bagdá, ocorridos nos últimos dias, e apela ao respeito da Convenção de Viena e à integridade dos agentes diplomáticos norte-americanos reconhecidos pelo governo do Iraque presentes naquele país.

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