Mundo

Investigadores avisam que prenderão presidente sul-coreano até segunda-feira

Yoon Suk Yeol afirma que vai seguir lutando ao lado de seus apoiadores ‘até o fim’

Investigadores avisam que prenderão presidente sul-coreano até segunda-feira
Investigadores avisam que prenderão presidente sul-coreano até segunda-feira
O presidente afastado da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol. Foto: YANG SEUNG HAK/Office of the President/Republic of Korea/Flickr
Apoie Siga-nos no

Investigadores sul-coreanos avisaram, nesta quarta-feira 1º, que cumprirão a ordem de prisão contra o presidente destituído, Yoon Suk Yeol, dentro do prazo estabelecido até segunda-feira 6, devido à sua tentativa frustrada de impor lei marcial em dezembro.

Apoiadores e opositores de Yoon acamparam nesta quarta-feira em frente à residência do presidente, onde ele está confinado há semanas, ignorando três intimações consecutivas para ser interrogado no âmbito de uma investigação por insurreição, por ter decretado lei marcial.

A ordem de detenção será cumprida “dentro do prazo” previsto, que termina na segunda-feira, 6 de janeiro, disse aos jornalistas Oh Dong-woon, chefe do escritório anticorrupção.

Yoon, destituído do cargo por uma moção de impeachment do Parlamento, prometeu nesta quarta-feira que lutará ao lado de seus apoiadores “até o fim”.

“A República da Coreia está atualmente em perigo devido a forças internas e externas que ameaçam sua soberania e atividades de elementos antiestatais”, escreveu em um comunicado distribuído aos manifestantes, conforme confirmado por seu advogado à AFP.

Jo Seoung-lae, um deputado do Partido Democrático de oposição, considerou a mensagem de Yoon “muito inadequada”, chamando-a de “delirante” e acusando o líder conservador de tentar provocar confrontos.

É a primeira vez que é emitida uma ordem de prisão contra um chefe de Estado em exercício na Coreia do Sul, já que Yoon ainda é oficialmente o presidente, aguardando a confirmação pelo Tribunal Constitucional de seu impeachment, votado em 14 de dezembro pelos deputados.

O líder conservador mergulhou o país em uma grave crise política ao declarar de surpresa lei marcial na noite de 3 de dezembro e enviar o exército à Assembleia Nacional para impor sua aplicação.

Mas, horas depois, foi forçado a recuar, pressionado pela Assembleia e por milhares de manifestantes.

Yoon está sendo investigado por vários crimes, incluindo “rebelião”, um delito passível de pena de morte, e está proibido de deixar o país.

Importante aparato policial

“Queremos um processo tranquilo, sem grandes perturbações, mas também estamos coordenando a mobilização da polícia”, disse Oh Dong-woon aos repórteres, alertando que qualquer ação contra a detenção do presidente destituído poderá acarretar consequências penais.

A equipe jurídica de Yoon afirmou que a ordem de prisão é “ilegal e inválida” e apresentou um recurso pedindo que seja anulada.

Do lado de fora de sua residência, dezenas de pessoas gritaram e insultaram a polícia, e algumas tentaram atravessar o cordão de segurança e impedir que um ônibus policial estacionasse perto da entrada.

As autoridades sul-coreanas já falharam no passado em tentar executar mandados de prisão contra legisladores — em 2000 e 2004 — devido a simpatizantes de seus partidos que impediram a entrada da polícia durante os sete dias de validade da ordem.

Por enquanto, ainda não se sabe quando o presidente Yoon será detido.

Sua equipe de segurança não cooperou com os investigadores e impediu que eles fizessem buscas em suas dependências.

Duas nomeações ao Tribunal Constitucional

Nesta quarta-feira, a maioria dos colaboradores restantes de Yoon, incluindo seu chefe de gabinete e seus assessores especiais, apresentaram suas demissões ao presidente interino, Choi Sang-mok, que as rejeitou, pedindo, em vez disso, unidade.

“Chegou o momento de todos nos unirmos em prol da estabilidade do povo e dos assuntos nacionais”, declarou.

As demissões foram um sinal de protesto contra a decisão de Choi de nomear dois novos juízes ao Tribunal Constitucional para analisar a destituição de Yoon.

As indicações atenderam a um pedido da oposição, mas a equipe de Yoon considerava que excediam os poderes do presidente interino.

O presidente Yoon justificou sua decisão de 3 de dezembro com a suposta ameaça das “forças comunistas da Coreia do Norte” e “elementos antiestatais”, acusando a oposição majoritária na Assembleia de bloquear o país.

O Tribunal Constitucional deve se pronunciar até meados de junho sobre a validade da moção de impeachment adotada contra ele.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo