Mundo

Inferno astral de Obama não tem fim

Aos cinco meses do segundo mandato, Obama se vê cercado de escândalos como grampos telefônicos a jornalistas, funcionários da Receita Federal perseguindo conservadores entre outros

Inferno astral de Obama não tem fim
Inferno astral de Obama não tem fim
Barack Obama acena em evento beneficente em 13 de maio de 2013
Apoie Siga-nos no

WASHINGTON (AFP) – Funcionários da Receita Federal que perseguem grupos conservadores, aparentes incoerências sobre o ataque ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, e grampos telefônicos a jornalistas: a administração de Barack Obama enfrenta uma série de casos complicados usados como munição política pelos adversários republicanos.

Cinco meses depois de iniciar seu segundo mandato de quatro anos, o presidente dos Estados Unidos teve de dedicar grande parte da coletiva de imprensa de segunda-feira junto com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, a responder às acusações de abuso de poder feitas pelo Congresso.

Obama, que ao tomar posse em 2009 falou de uma “nova era de responsabilidade”, admitiu que é “escandaloso” que a Receita Federal americana (IRS, na sigla em inglês) tenha investigado especialmente grupos surgidos do movimento de ultradireita Tea Party.

O Internal Revenue Service (IRS) reconheceu que, de fato, esse era o caso e pediu desculpas. Já o Congresso anunciou a abertura imediata de investigações parlamentares. As audiências começam esta semana.

Também nesta terça, a Justiça americana anunciou o início de uma investigação para determinar se o IRS infringiu a lei ao se concentrar nos grupos conservadores, informou o procurador-geral Eric Holder.

“Como todo mundo admite, acho que esses fatos, embora não tenham sido ilegais, são escandalosos e inaceitáveis”, afirmou Holder. “Mas estamos examinando os fatos para ver se a lei foi violada”, completou.

Alguns conservadores, entre congressistas e editorialistas, agora evocam abertamente o fantasma do escândalo de Watergate, que custou a presidência de Richard Nixon em 1974.

“A administração teve uma semana difícil, mas foi ainda mais dura para a Primeira Emenda” da Constituição (que tem as liberdades de expressão e de imprensa entre seus pontos fundamentais), declarou o chefe da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell. O senador pediu ao Executivo que “coopere plenamente” com os legisladores.

Esses conturbados episódios agravam um momento já ruim para o governo Obama, que se arrasta desde o atentado contra o consulado americano em Benghazi (Líbia), em 11 de setembro de 2012. Quatro americanos morreram no ataque, incluindo o embaixador.

Os congressistas republicanos condenam o governo por querer ocultar o caráter “terrorista” desse ataque para não reduzir as chances de reeleição de Obama na disputa pela Presidência, em novembro passado. As acusações foram rejeitadas pela Casa Branca.

Por um lado, o presidente reconheceu que “elementos da linguagem” fornecida pela CIA imediatamente após o atentado foram suavizados para evitar críticas, depois da divulgação de mensagens eletrônicas pela imprensa.

Por outro, Obama denunciou “motivações políticas” e um propósito de “distração” por parte de seus adversários. O gabinete do líder da bancada republicana na Câmara de Representantes, John Boehner, condenou o governo por não ter sido “sincero”.

Na segunda, um novo escândalo foi adicionado às preocupações de Obama, com a denúncia da agência de notícias Associated Press (AP) sobre o grampo em seus registros telefônicos.

A agência denunciou “uma intromissão maciça e sem precedentes”, enquanto o Departamento de Justiça se limitou a falar da necessidade de preservar “a integridade da investigação”, cujos motivos continuam incertos. A Casa Branca garantiu que não tem “nenhum conhecimento” da investigação.

O vazamento de informações que levou à intercepção de registros telefônicos de jornalistas da AP é um assunto “muito grave” que “põe os americanos em risco”, declarou o procurador-geral Eric Holder.

“Isso não é um exagero. Põe o povo americano em perigo. E tentar determinar quem é responsável por isso, acho, requer uma ação muito agressiva”, justificou.

A administração está “sob fogo cruzado”, constatava nesta terça o jornal “USA Today”, referindo-se ao delicado momento do governo Obama.

Desde o início de 2013, o balanço legislativo se mantém fraco, com a derrota na reforma da legislação de controle de armas de fogo; a austeridade econômica forçada diante da falta de acordo com o Congresso; e, em política externa, a dificuldade de convencer a Rússia a retirar seu apoio ao regime sírio.

Em um contexto já sensível, Moscou anunciou nesta terça a descoberta de um agente da CIA e denunciou uma “provocação” digna dos tempos da “Guerra Fria”.

Leia mais em AFP Movel.

ENTENDA MAIS SOBRE: , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo