Mundo
Indonésia: campanha eleitoral usa inteligência artificial para recriar ditador morto
Vídeo mostra imagem de Hadji Mohamed Suharto, morto em 2008, em meio à disputa presidencial no país
O uso da Inteligência Artificial (IA) na campanha eleitoral na Indonésia levou o país a questionar os limites da ferramenta.
No país, que vai às urnas nesta semana escolher o seu novo presidente, deputados e representantes regionais, um vídeo do ex-general Hadji Mohamed Suharto, que governou o país por 32 anos, já teve milhões de visualizações nas redes sociais. Acontece que Suharto faleceu em 2008, aos 86 anos.
“Eu sou Suharto, o segundo presidente da Indonésia”, diz a imagem do general no vídeo, que foi criado a partir de ferramentas de IA que reproduzem com fidelidade a voz e o rosto de uma pessoa.
“O vídeo foi feito para nos lembrar da importância dos nossos votos nas próximas eleições”, explicou Erwin Aksa, representante do Golkar, um dos partidos na disputa.
A sigla não tem um candidato próprio à presidência, mas apoia Prabowo Subianto, que foi general do Exército durante o regime de Suharto e é o favorito na disputa. O atual presidente, Joko Widodo, não poderá concorrer à reeleição.
“Como membro do Golkar, tenho muito orgulho de Suharto porque ele desenvolveu com sucesso a Indonésia”, afirmou Aksa na plataforma X – antigo Twitter.
Apesar do alto crescimento econômico registrado pela Indonésia em boa parte da gestão de Suharto, o seu período no poder também foi marcado por casos de corrupção e desrespeito aos direitos humanos.
Críticos do uso da imagem questionaram os limites morais da medida, especialmente por se tratar de propaganda de natureza política.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.
Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.