Sobe para 122 o número de mortos em incêndios florestais no Chile

Presidente Gabriel Boric declarou estado de emergência na região; quase 15 mil casas já foram destruídas pelas chamas

Incêndio em Viña del Mar, no Chile Foto: Javier TORRES / AFP

Apoie Siga-nos no

Dezenas de incêndios florestais no Chile nos últimos dias provocaram pelo menos 122 mortes e várias pessoas seguem desaparecidas, segundo dados do Serviço Legal Médico do país.

O novo balanço divulgado no final da noite deste domingo 4, mais do que dobra o número inicial de vítimas, que era de 51 pessoas. Ao todo, informam as autoridades, 32 vítimas fatais já foram identificadas.

O presidente Gabriel Boric declarou, durante o final de semana, estado de emergência nas regiões Central e Sul do Chile devido à catástrofe, favorecida por temperaturas de até 40 graus Celsius e um clima mais seco que o usual.

Ao declarar o estado de emergência, Boric alertou que o número de mortos deveria subir e prestou condolências aos familiares das vítimas. Ele designou mais unidades militares para combater os incêndios e pediu aos cidadãos que cooperem com as equipes de emergência.

“Se você for orientado a sair de um local, não hesite em fazer isso”, disse o presidente. “As chamas estão avançando rápido e as condições climáticas tornam o controle difícil. Há temperaturas altas, ventos fortes a baixa umidade.”

No sábado, o governo contabilizava 143 focos de incêndio em todo o país, que cobriam uma área de 21 mil hectares, e quase 15 mil casas destruídas.


Desastre em Viña del Mar

Nas colinas que cercam a cidade litorânea de Viña del Mar, ruas inteiras foram queimadas na noite de sábado. Milhares de pessoas que haviam deixado suas casas após uma ordem de evacuação só encontraram destroços queimados quando retornaram, e corpos cobertos por panos jaziam nas ruas. Uma espessa fumaça cinza pairava sobre a cidade.

Viña del Mar está localizada na região turística de Valparaíso e fica a cerca de uma hora e meia de carro da capital Santiago. É um destino de férias popular nos meses de verão. A prefeita Macarena Ripamonti falou de uma “catástrofe sem precedentes”. Nunca houve uma crise “dessa magnitude na região de Valparaíso”, disse.

Foto por Javier TORRES / AFP

Casas também foram destruídas pelas chamas nas cidades de Estrella e Navidad, a sudoeste da capital. Também houve evacuações na cidade de Pichilemu, que é considerada um paraíso para o surfe.

Fotos de motoristas fugindo das chamas foram compartilhadas em redes sociais, além de imagens de montanhas em chamas na rodovia Ruta 68, usada por muitos turistas no verão.

Hospitais e casas de repouso evacuadas

“Estou aqui há 32 anos e nunca imaginei que isso fosse acontecer”, disse Rolando Fernández, um dos moradores da região de Viña del Mar que perdeu sua casa. Ele afirmou ter visto pela primeira vez o fogo queimando na sexta-feira em uma colina próxima. Em 15 minutos, a área estava envolta em chamas e fumaça, forçando todos a correr para salvar suas vidas. “Trabalhei minha vida inteira e agora fiquei sem nada.”

Três abrigos foram montados na região de Valparaíso, e 19 helicópteros e mais de 450 bombeiros foram enviados para a área. As chamas na região forçaram a evacuação de quatro hospitais e três casas de repouso para idosos e destruíram dois terminais de ônibus

O Chile e outros países do sul da América da Sul estão sofrendo com uma onda de calor há dias. Na Argentina, os bombeiros estão lutando contra um incêndio de grandes proporções desde o final de janeiro, que já destruiu mais de 3 mil hectares de terra no Parque Nacional Los Alerces. Na Colômbia, mais de 17 mil hectares de florestas foram destruídas em janeiro por incêndios.

De acordo com especialistas, o calor está ligado ao fenômeno climático El Niño, que se caracteriza pelo aquecimento das águas superficiais do Pacífico.

(Com informações de Deutsche Welle)

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.