Os Estados Unidos estão na iminência de um colapso. Ataques como os do último sábado 14, na cidade de Buffalo, que deixou dez mortos e é considerado um dos massacres racistas mais sangrentos da história recente do país fazem parte de um movimento no qual a democracia tem sido posta à prova dia após dia.
Tiroteios em massa inspirados por teorias xenófobas e delirantes, entre elas a chamada “A Grande Substituição”, tese segundo a qual os brancos deliberadamente têm sido substituídos por negros, latinos, asiáticos e outras “raças” e correm o risco de extinção, ganham cada vez mais espaço na extrema-direita e nos mais de 730 grupos de supremacistas mapeados, mas não só. O Partido Republicano, uma das faces da moeda do bipartidarismo que sustenta a República há mais de um século, foi infiltrado por um radicalismo que ameaça a sobrevivência do próprio sistema. Há tempos teorias conspiratórias tecem o imaginário norte-americano. Algumas são aparentemente mais inofensivas do que outras, como a de que a Terra é plana ou a de que o homem não pisou na Lua, mas, a partir dos ataques de 11 de Setembro de 2001, o que para muitos era motivo de piada, transmutou-se, no melhor dos cenários, em uma sucessão de catarses coletivas. O U.S. Immigration and Customs Enforcement’s (ICE), departamento de imigração que tem como lema “Mantendo a América Segura”, é um dos grandes produtos da era pós-11 de Setembro, criado com o intuito de proteger “nós” da invasão “deles”.
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