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Hamas está pronto para negociar trégua em Gaza; Defesa Civil reporta 52 mortos
Segundo uma fonte palestina, o grupo libertaria metade dos reféns israelenses ainda vivos em troca da libertação de presos palestinos detidos por Israel


O Hamas anunciou, na noite desta sexta-feira 4, que está pronto para “começar imediatamente” as negociações sobre a aplicação da proposta de trégua em Gaza, onde foram registradas pelo menos 52 mortes em 24 horas.
O Hamas “entregou sua resposta aos mediadores, e ela é positiva”, indicou o movimento islamista palestino em um comunicado. “O movimento está pronto para começar imediatamente e seriamente um ciclo de negociações sobre o mecanismo de aplicação desse quadro.”
O anúncio ocorre antes de uma visita marcada para a próxima segunda-feira 7 em Washington do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo uma fonte palestina próxima das discussões, a proposta “compreende uma trégua de 60 dias” durante a qual o Hamas libertaria metade dos reféns israelenses ainda vivos em troca da libertação de presos palestinos detidos por Israel.
A Jihad Islâmica, o principal movimento palestino aliado do Hamas contra Israel na guerra em Gaza, disse que apoia as negociações, e pede “garantias”.
“Apresentamos [ao Hamas] alguns pontos detalhados sobre o mecanismo de aplicação da proposta [de trégua patrocinada pelos Estados Unidos] recebida dos mediadores [Egito e Catar] e queremos garantias suplementares”, indicou a Jihad Islâmica em comunicado.
O Exército israelense prosseguiu nesta sexta com sua ofensiva na Faixa de Gaza, e a Defesa Civil registrou 52 palestinos mortos em ataques aéreos, bombardeios e disparos, 11 dos quais próximos a locais de distribuição de ajuda alimentar. O balanço anterior era de pelo menos 40 mortos.
Segundo um funcionário da Defesa Civil, Mohamad al Mughayyir, entre as vítimas havia cinco pessoas que foram mortas a tiros enquanto esperavam perto de um ponto de distribuição de ajuda humanitária gerido pelos Estados Unidos perto de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, e outra que esperava ajuda perto da ponte de Wadi Gaza, no centro do território.
Procurado pela AFP, o Exército israelense disse que não podia comentar de maneira específica os ataques sem coordenadas precisas, mas alegou estar “operando para desmantelar as capacidades militares do Hamas”, que governa Gaza.
Na quinta-feira, a agência de Defesa Civil de Gaza reportou 73 mortos.
Israel ampliou recentemente suas operações militares na Faixa de Gaza, onde a guerra iniciada em outubro de 2023 provoca condições humanitárias terríveis e forçou o deslocamento de quase toda a população, ou seja, mais de dois milhões de pessoas.
As restrições à imprensa em Gaza e as dificuldades para acessar numerosos pontos significam que a AFP não pode verificar de maneira independente os balanços comunicados pela Defesa Civil.
A guerra na Faixa de Gaza entre o Exército israelense e o Hamas foi desencadeada pelo ataque sem precedentes desse movimento islamista palestino no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023.
Esse ataque resultou em 1.219 mortes, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP feito com base em dados oficiais israelenses.
Pelo menos 57.130 palestinos morreram na ofensiva israelense em Gaza, sobretudo civis, segundo o Ministério da Saúde deste território, estatísticas que a ONU considera confiáveis.
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