Mundo
Igreja Católica pede que El Salvador não vire uma prisão como Guantánamo
Bukele selou com Trump uma aliança que permitiu aos EUA enviar centenas de deportados para uma megaprisão salvadorenha


A Igreja Católica pediu, neste domingo 20, que o presidente Nayib Bukele não transforme El Salvador em “uma grande prisão internacional”, após os acordos feitos por ele com o presidente norte-americano, Donald Trump, como ocorreu com Guantánamo, em Cuba.
Na segunda-feira passada, durante uma visita à Casa Branca, Bukele selou com Trump uma aliança que permitiu aos Estados Unidos enviar centenas de deportados, sobretudo venezuelanos, para uma megaprisão salvadorenha com capacidade para 40.000 detentos.
Trump invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros, de 1798, que até então só havia sido usada em tempos de guerra.
“Pedimos a nossas autoridades que não permitam que nosso país se torne uma grande prisão internacional”, disse o arcebispo de San Salvador, José Luis Escobar, durante uma coletiva de imprensa.
Bukele, o principal aliado de Trump em sua estratégia para combater a migração irregular, afirmou que tem “muita vontade de ajudar” os Estados Unidos.
“Estão nos ajudando. Agradecemos”, disse o presidente americano.
Escobar também fez alusão a colunas de opinião, nas quais advertiu que “El Salvador seria uma nova Guantánamo”, território que Cuba arrenda aos Estados Unidos desde 1903 e onde foram instaladas uma base naval americana e uma prisão.
O país “se tornaria uma prisão para que os Estados Unidos mandem os presos para cá e gastem menos do que gastam em Guantánamo”, acrescentou, comentando o artigo.
“Pedimos ao governo que não seja permitido. Pode ser (que) o governo o faça com a melhor intenção, possivelmente querendo de parte dos Estados Unidos um melhor tratamento para nossos migrantes, mas o fato é que não convém, não convém a nenhum país ser a prisão de outros países ou de outro país, menos ainda de um país tão grande como são os Estados Unidos”, comentou.
Muitos dos deportados para El Salvador estavam presos em Guantánamo.
Os 2,5 milhões de salvadorenhos que moram nos Estados Unidos são um pilar para a economia de seu país pelas remessas que enviam, que representaram 23% do PIB em 2024.
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