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Igreja Católica da Bolívia cria comissões para receber denúncias de pedofilia

Em maio, a Bolívia foi sacudida pelas revelações dos abusos cometidos pelo sacerdote jesuíta Alfonso Pedrajas nas décadas de 70 e 80

O boliviano Pedro Lima diz ter sido expulso da Igreja Católica por denunciar casos de pedofilia. Foto: Aizar Raldes/AFP
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A Igreja Católica da Bolívia apresentou, nesta quarta-feira 14, quatro comissões para receber e investigar denúncias de pessoas que sofreram abusos sexuais por parte de religiosos, em meio ao maior escândalo de pedofilia que atinge a instituição nesse país.

As quatro comissões criadas pela Conferência Episcopal Boliviana estão destinadas à prevenção, escuta, investigação e comunicação das denúncias de abusos de menores de idade e pessoas vulneráveis no seio da Igreja, com o objetivo de acompanhar as vítimas e assegurar que os casos cheguem à Justiça.

“Uma das tarefas que temos dentro dessas comissões é levar ao Ministério Público qualquer denúncia que for de conhecimento da Igreja para que as investigações correspondentes possam ser feitas”, disse a coordenadora da Comissão Nacional de Investigação, Susana Inch.

Por sua vez, Nancy Loredo, da Comissão de Escuta, afirmou que sua tarefa será “fornecer todas as condições, tanto físicas e emocionais, nas quais as vítimas possam ser acolhidas e recebidas”.

Em maio, a Bolívia foi sacudida pelas revelações da imprensa dos abusos cometidos pelo sacerdote jesuíta Alfonso Pedrajas nas décadas de 70 e 80.

Pedrajas, que faleceu em 2009 aos 66 anos, confessou, em um diário pessoal, ter machucado “muitas pessoas”, chegando a mencionar até 85 vítimas em um caso que figura hoje como o maior escândalo de pedofilia ligado ao clero desse país de 12 milhões de habitantes, a maioria católica (58%).

Após ficar a par do caso do padre jesuíta, as promotorias departamentais receberam outas 12 denúncias, indicou Inch, que também é assessora legal da Conferência Episcopal.

Entre os denunciados estão, além de Pedrajas, os sacerdotes espanhóis Luis María Roma, Alejandro Mestre e Antonio Gausset (o padre Tuco), todos mortos.

Diante do escândalo generalizado, a Companhia de Jesus, a ordem à qual o papa Francisco pertence, pediu perdão no começo de maio e assegurou que havia suspendido um número indeterminado de religiosos pelo acobertamento de Pedrajas.

Enquanto o Ministério Público avança na investigação das denúncias, o presidente Luis Arce solicitou ao Vaticano o acesso aos expedientes relacionados à Bolívia.

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