Economia

Ideia de usar moedas locais no comércio internacional deve ser aprofundada, diz Haddad na China

O ministro da Fazenda destacou haver casos de sucesso e exaltou iniciativas do Mercosul

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: TINGSHU WANG/POOL/AFP
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira 14 que a ideia de realizar um intercâmbio comercial por meio de moedas próprias – algo que poderá ser concretizado entre Brasil e China – não é nova e que as possibilidades devem ser aprofundadas. O petista se manifestou sobre o tema em entrevista na cidade de Pequim, na China, onde integra da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A ideia de fazer o intercâmbio comercial em moedas próprias, sem recorrer a moedas de terceiros, é uma coisa que está há muito tempo na mesa de negociação, entre os Brics, no âmbito do Mercosul”, disse Haddad. “E o presidente Lula restabeleceu essa agenda, pedindo para a Fazenda, para a área econômica dos dois países se debruçarem sobre esse tema e aprofundarem as possibilidades de intercâmbio em moeda local. Ou seja, você poder usar o real, poder usar o yuan, poder usar as moedas dos países em desenvolvimento como unidade de conta para trocas internacionais.”

Em 29 de março, Brasil e China anunciaram um acordo que visa permitir que as transações comerciais entre os dois países sejam feitas com compensação direta do real para o yuan. A ideia também impacta a hegemonia do dólar, moeda norte-americana, no comércio internacional.

Na última quinta-feira 13, na cerimônia de posse de Dilma Rousseff na presidência do Banco dos Brics, Lula questionou a prevalência do dólar nas transações comerciais entre Brasil e China. “Quem é que decidiu que era o dólar a moeda depois que desapareceu o ouro como paridade? Por que é que um banco como o Brics não pode ter uma moeda que possa financiar a relação comercial entre Brasil e China? Entre Brasil e outros países dos Brics? É difícil, porque tem gente mal-acostumada”, destacou o presidente.

Na entrevista de hoje, Haddad sustentou que existem casos em que o uso de moedas locais foi exitoso e destacou as iniciativas do Mercosul.

“Isso já foi tentado, prosperou com alguma celeridade no âmbito do Mercosul. Num período recente, isso retraiu barbaramente, mas essa ideia volta à mesa para que nós aprofundemos nesse tema e possamos promover intercâmbio comercial com base nessa filosofia.”

Investimentos na indústria brasileira

Fernando Haddad comentou, também, os encontros realizados com autoridades e empresários da China. Segundo ele, existe um desafio de intensificar os estudos de viabilidade, de modo a “reindustrializar o Brasil em parceria com o capital chinês”. De acordo com o ministro, esse foi um “desafio que o presidente colocou, em todas as reuniões com as empresas e com o próprio governo”.

Por outro lado, a intensificação das relações bilaterais e comerciais com a China impõe ao Brasil a necessidade de lidar com as demandas dos Estados Unidos. O jogo de relações está inserido em um contexto de disputa hegemônica entre Washington e Pequim.

Haddad, no entanto, preferiu exaltar as prioridades do Brasil no que se refere aos potenciais investimentos na economia nacional. “Na verdade, nós não temos nenhuma intenção de nos afastar de quem quer que seja, sobretudo de um parceiro da qualidade dos Estados Unidos”, disse. “Estamos fazendo esforço de aproximação, queremos investimentos dos EUA no Brasil. A reação que eu espero é mais parceria com os EUA. Essa é a reação que nós esperamos. Temos de vencer a etapa anterior de isolamento do País.”

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