Três meses e meio atrás, ele foi forçado por seu partido a renunciar em desgraça ao cargo de primeiro-ministro. No último sábado 22, Boris Johnson desembarcou de volta no Reino Unido, ao retornar de férias no Caribe em meio à onda dramática que envolve cada movimento seu. Johnson chegou a cogitar um retorno triunfal, após a renúncia de Liz Truss, mas acabou convencido a desistir. O Partido Conservador escolheu Rish Sunak para a tarefa. De qualquer maneira, talvez não houvesse maior símbolo do desprezo que a legenda tem pelos eleitores do que dezenas de parlamentares aparentemente dispostos a desconsiderar o fato de que Johnson é investigado por enganar o Parlamento – e pode muito bem enfrentar uma suspensão da Câmara dos Comuns, e talvez até uma eleição antecipada antes do fim do ano.
Esta situação absurda é apenas o capítulo mais recente do psicodrama conservador de uma década que impôs dificuldades incalculáveis à população britânica, corroeu sua confiança nos políticos e tornou a Grã-Bretanha motivo de chacota internacional. É a triste história de um partido governista que abandonou qualquer tentativa de criar soluções reais para os problemas que a nação enfrenta em favor da retórica populista sobre o Brexit, sem considerar as consequências, para sua própria sorte, para as instituições políticas e para o país como um todo. Em consequência, o Reino Unido está atolado numa crise econômica incomensuravelmente agravada pelos atos de quatro sucessivos primeiros-ministros conservadores. O país precisa e merece uma eleição geral para escolher seu próximo primeiro-ministro.
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