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Hong Kong tem atos antes de aniversário da República Popular da China

Manifestantes radicais vandalizaram estações de metrô; estudante diz se inspirar em protestos na Ucrânia

Manifestantes protestam em Hong Kong na semana do 70º aniversário da república chinesa. (Foto: Mohd Rasfan/AFP)
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Milhares de manifestantes pró-democracia seguem mobilizados neste domingo (29) em Hong Kong, apesar do gás lacrimogêneo disparado pelas forças de segurança, na véspera da celebração na China do 70º aniversário da fundação do regime comunista.

Pequim prepara uma série de eventos para comemorar a criação da República Popular da China em 1949, incluindo uma enorme parada militar na terça-feira (1), que reflete a ascensão do país, a segunda economia mundial, como uma superpotência global.

Nesse contexto, Hong Kong, ex-colônia britânica, atravessa desde junho sua pior crise desde 1997, quando foi devolvida à China. Os protestos neste território semi-autônomo denunciam a perda de liberdades e uma crescente interferência de Pequim nos assuntos do território.

Ativistas pró-democracia de Hong Kong convocaram protestos “anti-totalitaristas” contra a China em todo o mundo.

Mobilizações desse tipo já foram realizadas na Austrália e Taiwan, e outras estão previstas neste domingo na América do Norte e Europa.

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Hong Kong foi palco neste domingo de outro dia de confrontos entre manifestantes e policiais, que lançaram gás lacrimogêneo em um bairro comercial, Causeway Bay, no centro da cidade, depois que a multidão cercou os agentes.

Alguns manifestantes radicais vandalizaram estações de metrô e arrancaram bandeiras proclamando as comemorações do 70º aniversário da República Popular da China.

Alguns carregavam bandeiras “Chinazi”, uma versão da bandeira chinesa na qual as estrelas amarelas formam uma suástica.

Um estudante de 20 anos de idade, Tony, carregava uma bandeira ucraniana, porque muitos dos manifestantes mais radicais de Hong Kong dizem que se inspiram na revolução ucraniana de 2014, que terminou com a fuga do presidente pró-russo.

“Esperamos que, se nos conectarmos com diferentes partes do mundo e lutarmos contra a China comunista, nosso movimento vencerá”, declarou Tony à AFP.

Apesar da chuva, cerca de mil manifestantes se reuniram em Taiwan, muitos deles vestidos de preto, em solidariedade ao movimento pró-democracia de Hong Kong.

Em Sydney, uma mobilização semelhante reuniu a mesma quantidade de manifestantes.

“Sinto-me muito triste todas as noites porque vejo as imagens ao vivo [de Hong Kong] através do Facebook e de outras redes sociais”, disse à AFP Billy Lam, que estuda na Austrália.

“Dia de dor”

As manifestações que ocorrem em Hong Kong desde o início de junho – e que frequentemente degeneraram em confrontos entre policiais e grupos radicalizados – foram desencadeadas por um projeto de extradições para a China continental, agora abandonado.

O movimento ampliou as suas reivindicações, exigindo agora eleições livres e menos interferência de Pequim.

Sob o princípio “um país, dois sistemas” – em vigor até 2047 – Hong Kong teoricamente goza de certas liberdades que não são usufruídas pelos cidadãos do resto da China, como liberdade de expressão, acesso irrestrito à internet e independência do sistema Judiciário.

Os ativistas de Hong Kong, que consideram que esse princípio não está sendo respeitado, descreveram a terça-feira, o dia que comemora a criação da China comunista, como o “Dia da Dor”.

Os estudantes da ex-colônia britânica convocaram uma greve na segunda-feira e os manifestantes pró-democracia instaram o povo de Hong Kong a protestar e usar preto na terça.

Com as mobilizações de 1º de outubro, os manifestantes de Hong Kong tentarão “enfatizar a diferença entre a China ditatorial e a Hong Kong livre”, diz Willy Lam, professor da Universidade Chinesa de Hong Kong.

Na última década, Hong Kong – um importante centro financeiro – foi palco de ondas de desobediência civil, especialmente em 2014 com o Movimento dos Guarda-Chuvas, quando manifestantes ocuparam as principais avenidas e prédios do governo para exigir o sufrágio universal. Pequim não cedeu às suas demandas.

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