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Homem detido por tiroteio que matou três pessoas em Paris afirma que agiu por racismo

O atirador era conhecido da polícia e havia sido condenado em junho a 12 meses de prisão por atos de violência com armas cometidos em 2016

Foto: AFP
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O homem de 69 anos acusado de matar três pessoas na sexta-feira perto de um centro cultural curdo de Paris afirmou a um policial que abriu fogo no local por racismo.

O ataque aconteceu pouco antes do meio-dia na rua Enghien, perto de um estabelecimento cultural curdo, em um bairro com muitos bares, estabelecimentos comerciais e moradores desta comunidade, em pleno centro de Paris.

O suspeito, um condutor de trem aposentado de nacionalidade francesa, que foi paralisado por várias pessoas antes da intervenção da polícia, disse que é “racista”, informou à AFP neste sábado uma fonte próxima ao caso.

A polícia investiga o indivíduo por assassinato, tentativa de assassinato, violência com arma e violações de cunho racista da legislação de armas, uma “circunstância que não altera a pena máxima” à qual o suspeito está exposto, “que continua sendo a prisão perpétua”, afirmou o Ministério Público.

No momento está descartada uma motivação terrorista, segundo o procurador de Paris, Laure Beccuau.

O homem foi detido com “uma maleta com dois ou três carregadores repletos e uma caixa de cartuchos calibre 45 com pelo menos 25 cartuchos dentro”, segundo a mesma fonte.

O ataque matou três pessoas – uma mulher e dois homens – e deixou três feridos, um deles em estado grave.

A mulher, Emine Kara, era uma líder do Movimento das Mulheres Curdas na França, segundo o Conselho Democrático Curdo da França (CDK-F). Ela havia solicitado asilo político, mas o pedido foi “rejeitado”, afirmou a porta-voz do movimento, Agit Polat.

Protestos

Os dois homens mortos são Abdulrahman Kizil, “um cidadão curdo comum” que frequentava a associação “diariamente”, e Mir Perwer, um artista curdo, refugiado político, que era “perseguido na Turquia por sua arte”, informou o CDK-F.

Uma fonte policial confirmou as identidades de Emine Kara e Abdulrahman Kizil.

O presidente francês, Emmanuel Macron, denunciou um “ataque odioso” contra os curdos da França e afirmou que, a seu pedido, o comandante de polícia de Paris recebeu representantes da comunidade curda.

Durante a tarde, centenas de pessoas se reuniram na Praça da República, no centro de Paris, onde respeitaram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas.

“O que sentimos é dor e desconfiança, porque não é a primeira vez que isto acontece”, declarou Esra, uma estudante de 23 anos.

Três ativistas curdas foram assassinadas na mesma área de Paris em 2013, um crime que provocou grande comoção entre a diáspora curda na França.

Durante o protesto, manifestantes atiraram objetos contra os policiais, que responderam com gás lacrimogêneo.

Alguns carros foram atacados na área e um veículo foi incendiado.

Em Marselha (sul) também foi organizada uma passeata, com a presença de centenas de pessoas.

Antecedentes

O acusado pelos tiros foi detido pouco depois do ataque e está sob custódia policial.

O agressor “queria atacar estrangeiros e claramente agiu sozinho”, disse o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, que também informo que ele frequentava um estande de tiro.

Levemente ferido no rosto durante a prisão, era conhecido da polícia e havia sido condenado em junho a 12 meses de prisão por atos de violência com armas cometidos em 2016. Ele apresentou recurso contra a sentença.

Também foi acusado em dezembro de 2021 por violência com armas, com premeditação e de caráter racista, e danos contra propriedades por atos cometidos em 8 de dezembro de 2021.

Neste segundo caso, ele é suspeito de ferir migrantes com um sabre em um acampamento em Paris, além de ter destruído suas barracas.

Após um ano em prisão preventiva, ele foi libertado em 12 de dezembro, como determina a lei, e foi colocado sob controle judicial.

Em 2017, o homem foi condenado a seis meses de liberdade condicional por posse ilegal de armas.

O pai do agressor, de 90 anos, o descreveu com um homem “tranquilo, retraído” e afirmou que na manhã do ataque ele “não disse nada ao sair”. “Ele está louco”, acrescentou.

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