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Hollande, candidato errado na hora certa

Impedir a vitória de alguém, mais do que escolher um político, demonstra a falta de candidatos carismáticos

Hollande, candidato errado na hora certa
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Por Amanda Lourenço

Domingo a França vota no primeiro turno das eleições presidenciais e dia 6 de maio já sabemos o futuro dirigente do país. É uma pena que a convicção de escolher o presidente certo tenha sido substituída pelo temor de escolher o presidente errado.

No primeiro turno neste domingo 22 os franceses se dividem em dois grupos: aqueles que votarão na oposição para impedir que o reinado desastroso de Nicolas Sarkozy continue e aqueles que votarão na reeleição com medo das possíveis mudanças de um novo governo. Em ambos os casos, ninguém está feliz com seu candidato.

O voto contra é um voto triste. A escolha de impedir a vitória de alguém, mais do que fazer alguém ganhar, demonstra a falta de candidatos carismáticos nas eleições francesas. Isso não significa que há cinco anos Sarkozy era uma figura simpática. O presidente francês sempre foi um ser desprovido de carisma, mas na época os eleitores achavam que sua política de segurança era condizente com sua imagem. Houve uma onda de otimismo em torno de Sarkozy e ele ganhou de sua rival, a socialista Ségolène Royal, por convicção.

Já na fatídica eleição de 2002, quando dois candidatos da direita foram para o segundo turno, havia tanta convicção (principalmente da esquerda), que faltou estratégia. Tudo apontava para uma vitória do socialista Lionel Jospin, mas com a enorme fragmentação da esquerda, os eleitores se dispersaram cada um na corrente que mais se identificava e o resultado disso a gente já conhece. Da vitória quase certa de um socialista que parecia a pessoa ideal para governar a França, para a cruel escolha entre um candidato da direita, Jacques Chirac, e outro da extrema-direita, Jean-Marie Le Pen. O tombo foi grande.

Lionel Jospin era o candidato certo na hora certa. No entanto, por um erro banal de organização, não foi eleito. Numerosos socialistas sonham até hoje em como seria uma França governada por Jospin ao invés de Chirac. Uma grande frustração coletiva. Se o mesmo Jospin estivesse concorrendo às eleições de 2012 e não o insosso do François Hollande, não haveria milagre que impedisse sua vitória. E o melhor: com convicção.

Por Amanda Lourenço

Domingo a França vota no primeiro turno das eleições presidenciais e dia 6 de maio já sabemos o futuro dirigente do país. É uma pena que a convicção de escolher o presidente certo tenha sido substituída pelo temor de escolher o presidente errado.

No primeiro turno neste domingo 22 os franceses se dividem em dois grupos: aqueles que votarão na oposição para impedir que o reinado desastroso de Nicolas Sarkozy continue e aqueles que votarão na reeleição com medo das possíveis mudanças de um novo governo. Em ambos os casos, ninguém está feliz com seu candidato.

O voto contra é um voto triste. A escolha de impedir a vitória de alguém, mais do que fazer alguém ganhar, demonstra a falta de candidatos carismáticos nas eleições francesas. Isso não significa que há cinco anos Sarkozy era uma figura simpática. O presidente francês sempre foi um ser desprovido de carisma, mas na época os eleitores achavam que sua política de segurança era condizente com sua imagem. Houve uma onda de otimismo em torno de Sarkozy e ele ganhou de sua rival, a socialista Ségolène Royal, por convicção.

Já na fatídica eleição de 2002, quando dois candidatos da direita foram para o segundo turno, havia tanta convicção (principalmente da esquerda), que faltou estratégia. Tudo apontava para uma vitória do socialista Lionel Jospin, mas com a enorme fragmentação da esquerda, os eleitores se dispersaram cada um na corrente que mais se identificava e o resultado disso a gente já conhece. Da vitória quase certa de um socialista que parecia a pessoa ideal para governar a França, para a cruel escolha entre um candidato da direita, Jacques Chirac, e outro da extrema-direita, Jean-Marie Le Pen. O tombo foi grande.

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