Papa Francisco, na convicção dos crentes, é o porta-voz de Deus. Nietzsche corrigiria: “É o porta-voz da natureza”. Questão meramente semântica, vale nos dois casos. Francisco diz: “O mundo está desmoronando e talvez se aproxime de um ponto de ruptura”. Faltam poucas semanas para a nova rodada de negociações climáticas da ONU, convocada para Dubai, enquanto o papa solicita uma transição energética “vinculante” e passível de ser “monitorada”. Ao que tudo indica, o papa entende destas coisas.
Quando menino, cursei o primário no colégio das Marcelinas, lá inscrito porque meu pai, antifascista, sabia que aquelas freiras de graciosas toucas cartilaginosas não eram crentes de Mussolini. De fato, protegiam meninos judeus quando as leis raciais, na esteira de Hitler, já estavam em vigor. De todo modo, as Marcelinas retiravam da classe os não batizados e os levavam para brincar no belo parque atrás do colégio. Quanto aos batizados, estes não eram remetidos para uma marcha vagamente bélica, a exibir fardas ridículas, numa praça pública, onde desfilariam em homenagem ao Duce. Pelo contrário, poderiam almoçar em casa.
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