“Hezbollah não ficará em silêncio”, diz líder do movimento armado libanês sobre morte de número 2 do Hamas

O assassinato de Saleh al-Arouri reaviva temores de uma extensão do conflito

O líder do Hezbollah libanês, Sayyed Hassan Nasrallah, faz discurso transmitido pela tevê a seus apoiadores da periferia sul de Beirute, no Líbano, em 3 de janeiro de 2024. Foto: ANWAR AMRO / AFP

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O assassinato, na terça-feira (2), em Beirute, no Líbano, do número dois do Hamas, Saleh al-Arouri, é um “crime grave e perigoso”, disse o líder do Hezbollah na quarta-feira (3), alertando que o poderoso movimento armado libanês, alinhado ao Irã “não iria ficar em silêncio”.

Durante um discurso muito esperado, transmitido pela televisão para marcar o quarto aniversário da morte do comandante da unidade de elite da Guarda Revolucionária do Irã, Qasem Soleimani, morto num ataque dos EUA no Iraque, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, apresentou suas condolências ao Hamas pelo que apresentou como uma “agressão flagrante cometida por Israel”.

O governo israelense não confirmou nem negou estar por trás do assassinato de Saleh al Arouri, número dois do gabinete político do Hamas, que vivia no exílio entre o Líbano e o Catar.

Segundo especialistas, o ataque de drones realizado na noite de terça-feira na cidade de Daniyeh, reduto do Hezbollah nos arredores de Beirute, poderia ser uma mensagem destinada a fazer o movimento xiita compreender que nenhum lugar está fora de alcance.

Se as trocas de tiros entre o Exército israelense e o Hezbollah têm sido quase diárias desde o início da guerra na Faixa de Gaza – tensões fronteiriças sem precedentes desde a guerra de 2006 – Beirute tinha, até então, sido poupada.

Hassan Nasrallah disse na quarta-feira que as ações “rápidas” do Hezbollah, que disparou foguetes contra o norte de Israel em 8 de outubro, um dia após o ataque do Hamas, permitiram evitar uma campanha de bombardeios israelenses dentro do Líbano.


Ele prometeu que não haveria mais “qualquer regra” na luta liderada pelo Hezbollah se Israel lançasse uma ofensiva contra o Líbano.

“Qualquer um que pense em fazer uma guerra contra nós (…) irá se arrepender”, disse ele.

Importância da retaliação

O professor de ciências políticas, diretor do Instituto Issam Farès de políticas públicas e relações internacionais da Universidade Americana de Beirute, Joseph Bahout, disse em entrevista à RFI que o Hezbollah está preso entre três considerações: mostrar solidariedade ao Hamas, proteger seu bastião na periferia sul de Beirute, mas sem aumentar a escalada do conflito.

Para ele, as opções de retaliação para o Hezbollah poderiam ser um “bombardeio na periferia sul de Tel Aviv ou o assassinato de um militar de alta patente israelense, mas isso é difícil de conseguir”.

“A grande questão é saber como Israel vai reagir a esta retaliação. Israel vai considerar que ela sai das regras do jogo e poderá fazer depois uma terceira ação, o que levaria o conflito a uma escalada ou vai considerar que é suficiente. Por isso, a dimensão da reação do Hezbollah é de suma importância”, analisa o especialista.

O assassinato do número 2 do Hamas reaviva temores de uma extensão do conflito. O Hezbollah preveniu que o assassinato era uma “grave agressão contra o Líbano” e “um sério acontecimento na guerra entre o inimigo e o eixo da resistência”.

(RFI e AFP)

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