Mundo

Hamas diz que ‘otimismo’ prevalece nas negociações com Israel sobre Gaza

As conversas sobre o fim da guerra acontecem no Egito

Hamas diz que ‘otimismo’ prevalece nas negociações com Israel sobre Gaza
Hamas diz que ‘otimismo’ prevalece nas negociações com Israel sobre Gaza
Bombardeios de Israel em Gaza seguem mesmo com o avanço nas negociações pelo fim da guerra. Foto: JACK GUEZ / POOL / AFP
Apoie Siga-nos no

O Hamas afirmou, nesta quarta-feira 8, que o “otimismo” prevalece em suas negociações indiretas com Israel no Egito para chegar a um acordo que acabe com a guerra em Gaza.

Taher al Nunu, um dos líderes do movimento islamista palestino que participa das conversas, também disse à AFP que o Hamas entregou a Israel “listas de prisioneiros a serem soltos”, em referência à proposta de troca de reféns mantidos em Gaza por palestinos detidos pelas forças israelenses.

Os diálogos entre as partes são realizados na cidade turística egípcia de Sharm el Sheikh, dois anos após o início da guerra desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.

São baseados em um plano de 20 pontos anunciado no final de setembro pelo presidente americano, Donald Trump, que também prevê um cessar-fogo, a retirada gradual do exército israelense de Gaza e o desarmamento do Hamas.

“Os mediadores estão fazendo grandes esforços para remover todos os obstáculos à implementação das diferentes etapas do cessar-fogo, e o otimismo prevalece entre todos os participantes”, afirmou Al Nunu, por telefone.

“Uma oportunidade real”

Autoridades dos Estados Unidos, Catar e Turquia se somarão às negociações em Sharm el Sheikh nesta quarta-feira.

O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, deve comparecer pela manhã, segundo a diplomacia do emirado.

O enviado de Trump, Steve Witkoff, e o genro do presidente, Jared Kushner, também devem participar nesta quarta-feira, segundo o chefe da diplomacia egípcia, Badr Abdelatty. Inicialmente sua chegada era esperada no fim de semana passado.

Uma delegação turca liderada pelo chefe do serviço de inteligência, Ibrahim Kalin, se unirá às negociações, segundo a agência de notícias turca Anadolu.

A Turquia mantém relações próximas com o Hamas. Seu presidente, Recep Tayyip Erdogan, afirmou nesta quarta-feira que Trump “pediu expressamente” a Ancara para convencer o Hamas a negociar a paz com Israel.

O magnata republicano considerou na terça-feira que existe uma “oportunidade real” de acordo para encerrar a guerra.

Catar, Egito e Estados Unidos atuam como mediadores, mas seus esforços ainda não alcançaram um cessar-fogo duradouro.

Duas tréguas anteriores, em novembro de 2023 e início de 2025, permitiram o retorno de reféns e corpos de sequestrados em troca de prisioneiros palestinos, antes de serem rompidas.

O Hamas respondeu positivamente ao plano de Trump, mas vários pontos continuam pendentes.

Na terça-feira, dia do segundo aniversário do ataque do movimento pró-iraniano contra Israel, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu alcançar todos os objetivos da guerra em Gaza, citando a libertação de “todos os reféns” e “a destruição do poder do Hamas”.

“Garantias”

Presente no Egito, o principal negociador do Hamas, Khalil al Hayya, declarou que o movimento queria “garantias” de Trump e dos mediadores de que a guerra em Gaza “terminará de uma vez por todas”. “Não confiamos” em Israel, afirmou.

Segundo uma fonte palestina próxima dos negociadores do Hamas, “na terça-feira, a parte israelense apresentou suas primeiras propostas sobre a retirada das tropas, além do mecanismo e o cronograma para a troca de reféns e prisioneiros”.

Em sua resposta ao plano de Trump, o Hamas aceitou libertar os cativos, mas exigiu o fim da ofensiva israelense e a retirada total de Israel de Gaza. Não mencionou o próprio desarmamento, ponto crucial da proposta.

Netanyahu disse que apoiava o plano, mas destacou que seu exército permaneceria na maior parte de Gaza e repetiu que o Hamas deveria ser desarmado.

O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 causou 1.219 mortes, em sua maioria civis, segundo um balanço elaborado pela AFP com base em dados oficiais. Das 251 pessoas sequestradas naquele dia, 47 ainda estão em Gaza e 25 delas estariam mortas, segundo o exército.

Em resposta, Israel lançou uma campanha militar que devastou o território palestino, provocou uma catástrofe humanitária e deixou, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, mais de 67.160 mortos, a maioria civis.

A ONU declarou estado de fome em parte de Gaza e seus investigadores independentes afirmam que Israel está cometendo um “genocídio”, algo que as autoridades máximas negam.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo