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Guaidó perde força e oposição venezuelana avança para eliminar governo autoproclamado

A ‘gestão interina’ criou grandes fissuras dentro da oposição, que convocou primárias para 2023

Nicolás Maduro e Juan Guaidó começam diálogo no México. Fotos: AFP e Frederico Parra/AFP
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Uma maioria dentro da oposição venezuelana avançou nesta quinta-feira 22 para eliminar a figura do “governo interino” presidido por Juan Guaidó, quatro anos após sua autoproclamação como presidente com o apoio dos Estados Unidos.

A Assembleia Nacional eleita em 2015, que defende a validade de seu mandato por considerar fraudulentas as eleições legislativas de 2020, vencidas pelo chavismo, realizou a primeira de duas votações por meio de sessões virtuais sobre o “estatuto” que rege a figura do governo interino.

Os integrantes apresentaram dois projetos: um para eliminar a chamada “presidência em exercício”, que recebeu 72 votos, e outro para prorrogá-la por mais um ano a partir de 5 de janeiro, que teve 23 votos. Nove “deputados” se abstiveram.

Sobre esses dois projetos, a Assembleia Nacional de 2015, de maioria oposicionista e que antes apoiou Guaidó em sua autoproclamação, fará uma segunda sessão na semana que vem.

“Guaidó fez um grande esforço, mas ele mesmo deve entender que não foi suficiente e que precisa ser corrigido. Tivemos um modelo que não foi adequado para o povo venezuelano”, disse Nora Bracho, que apresentou o projeto em sessão virtual.

Um grupo de opositores havia manifestado na véspera a intenção de não apoiar a continuação de Guaidó como “presidente”, papel que assumiu em 2019 apoiado pelos Estados Unidos e por outros países, embora tenha vindo a perder relevância no mundo.

“A defesa não é de Juan Guaidó. Trata-se de proteger e preservar a ferramenta de luta”, disse Guaidó nesta quinta-feira durante a sessão virtual.

“Não podemos ser nós que abrimos a porta para o reconhecimento de Nicolás Maduro, para que coloquem a mão nos recursos que protegemos”, declarou Sergio Vergara, que defendeu a continuidade da presidência interina.

Vergara referia-se a bens e ativos aos quais o presidente Nicolás Maduro não tem acesso e que foram entregues a essa figura do “governo interino”, como o controle da petrolífera Citgo nos Estados Unidos ou as 31 toneladas de ouro venezuelano guardadas no Banco da Inglaterra.

No entanto, o “governo interino” criou grandes fissuras dentro da oposição, que convocou primárias em 2023 para eleger um único candidato para enfrentar Maduro nas eleições presidenciais marcadas para 2024. Guaidó está entre os possíveis candidatos.

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