Mundo
Grupo vandaliza área do Palácio de La Moneda em dia de marcha pelos 50 anos do golpe no Chile
O presidente Gabriel Boric disse condenar esses atos: ‘Irracionalidade’


Pessoas encapuzadas vandalizaram a área externa do palácio presidencial de La Moneda neste domingo 10, durante a marcha pelos 50 anos do golpe de Estado no Chile que derrubou Salvador Allende.
Um grupo destruiu com pedras e paus as janelas do prédio do governo, pichou as paredes com spray e derrubou as estruturas que cercavam o percurso do protesto.
Agentes dispersaram os encapuzados com gás lacrimogêneo. Três pessoas foram detidas e três policiais ficaram feridos, segundo um comunicado do governo.
O presidente Gabriel Boric participou da macha.
“Como presidente da República, condeno categoricamente esses atos sem nenhum tipo de matiz. A irracionalidade de atacar aquilo pelo que Allende e tantos outros democratas lutaram é vil e mesquinha”, reagiu Boric nas redes sociais.
Os incidentes representam uma mancha na mobilização de cerca de 5 mil pessoas. A multidão percorreu parte do centro de Santiago em direção ao Cemitério Geral da capital.
Boric é o primeiro governante desde o retorno à democracia, em 1990, a participar da marcha de 11 de Setembro, a data do golpe de Estado em 1973.
Allende, que se suicidou no dia do golpe, foi deposto pelos militares liderados pelo general Augusto Pinochet, que comandou uma ditadura com mais de 3,2 mil vítimas entre mortos e desaparecidos ao longo de 17 anos.
A maior parte do grupo na marcha deste domingo carregava bandeiras chilenas e de partidos de esquerda, além de faixas com lemas como Verdade e justiça agora e Allende vive.
Atualmente, os “herdeiros políticos” de Allende governam, mas o Partido Republicano, que reivindica um suposto legado de Pinochet, venceu o processo que elegeu os responsáveis por redigir um projeto de Constituição para substituir a Carta escrita sob a ditadura.
Na tarde deste domingo, Boric recebeu em La Moneda o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
“A traição de Augusto Pinochet foi abominável. É uma mancha que não se apaga nem com toda a água dos oceanos”, disse López Obrador, referindo-se ao fato de que horas antes do golpe, o general havia declarado lealdade a Allende.
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, enviou uma mensagem na qual afirmou que o golpe de 1973 “foi uma ruptura institucional que rompeu os laços de convivência e marcou gerações de chilenos e chilenas”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.