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Grupo feminista Pussy Riot assume invasão do campo durante final da Copa

Três mulheres e um homem foram presos após o protesto, que queria chamar a atenção para a questão dos presos políticos no País

Grupo feminista Pussy Riot assume invasão do campo durante final da Copa
Grupo feminista Pussy Riot assume invasão do campo durante final da Copa
Grupo quis chamar a atenção para a questão dos presos políticos na Rússia
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O grupo feminista russo Pussy Riot assumiu a responsabilidade pela invasão do campo durante a partida final da Copa do Mundo, entre Croácia e França, no estádio Lujniki, em Moscou, neste domingo 15.

Aos oito minutos do segundo tempo quatro pessoas – três mulheres e um homem – vestidas como policiais saltaram no gramado pelo lado do gol francês e correram pelo menos metade do campo antes de serem retiradas pela equipe de segurança.

Minutos mais tarde o Pussy Riot usou suas redes sociais para assumir a autoria do protesto e dizer que membros do grupo tinham protagonizado a invasão. Nos textos, afirmam que a indumentária foi escolhida como crítica à postura da polícia russa.

Durante a Copa, segundo a nota do Pussy Riot, os policiais “observaram cuidadosamente” as regras de convívio e “assistiram gentilmente” às multidões nas ruas do país. Mas durante a rotina russa, ainda nas palavras do grupo, “perseguem prisioneiros políticos” e mostram “desprezo pelas regras”.

O grupo afirmou ainda que pretendia chamar atenção para o problema dos presos políticos na Rússia, reclamando principalmente a libertação do diretor de cinema ucraniano Oleg Sentsov, de 42 anos, condenado pela Justiça russa por “terrorismo” e “tráfico de armas”.

A polícia de Moscou, citada pela agência oficial russa Tass, anunciou que tinha prendido “três mulheres jovens e um rapaz” que tinham invadido o gramado do estádio de Luzhniki e em seguida “os levaram a uma delegacia”.

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De acordo com informações veiculadas pela mídia, as forças de segurança da Rússia pegaram leve com os visitantes durante a Copa do Mundo, presumivelmente cumprindo ordens de cima. É verdade que a segurança foi uma prioridade durante o torneio: conseguir autorização para uma manifestação política nas cidades-sede da Copa do Mundo foi mais difícil do que já costuma ser, e a Rússia reforçou a presença de policiais e os controles de segurança.

Mas subir em postes de luz ou até mesmo segurar bandeiras nacionais – o que pode ser motivo de prisão no país, particularmente durante tensos protestos da oposição – foram comportamentos tolerados pela polícia.

 

O grupo

O Pussy Riot ganhou notoriedade mundial no início desta década por organizar manifestações e performances críticas a Putin – que está presente no Lujniki na final da Copa – e à repressão de minorias na Rússia, especialmente contra a comunidade LGBT. Além do governo russo, um dos principais alvos de críticas do grupo é a Igreja Ortodoxa.

Manifestações do Pussy Riot envolvendo catedrais e imagens de santas já causaram enorme polêmica na Rússia, e o grupo chegou a ser considerado um propagador do “verdadeiro satanismo” por representantes do Rússia Unida, partido que forma a base política do governo de Putin.

Neste ano, Maria Alyokhina, uma das integrantes do grupo, foi detida e condenada a serviço comunitário por atirar um avião de papel na direção do prédio da FSB, a agência federal de segurança da Rússia, durante um protesto contra o bloqueio do aplicativo Telegram.

*Com informações da AFP

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