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Greve contra a Reforma da Previdência promete paralisar a França

Reforma que o governo francês pretende adotar revolta diversos setores, que reclamam da falta de diálogo do executivo com os trabalhadores

Passageiros na estação de trem Montparnasse, em Paris: cidade se prepara para uma grande paralisação dos serviços contra a reforma da Previdência (Foto: Thomas SAMSON / AFP)
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A um dia de uma greve que deve paralisar a França, o assunto estampa as capas dos principais jornais do país nesta quarta-feira 4. Em foco, a Reforma da Previdência que o governo francês pretende adotar, que revolta diversos setores, além do fracasso do executivo em dialogar com os trabalhadores.

“Aposentadorias: quem ganha (um pouco) e quem perde (muito)” é a manchete de capa do jornal Libération. O diário analisa os parâmetros da reforma para as principais categorias, explicando os pontos positivos e negativos em cada setor.

Segundo Libé, os maiores perdedores serão os funcionários do sistema de transportes, que se beneficiam de regimes especiais, permitindo a alguns empregados – como motoristas e condutores – se aposentarem aos 52 anos, por exemplo. Professores também serão prejudicados já que suas aposentadorias deixarão de ser calculadas com base nos últimos seis meses de atividade e considerarão o conjunto da carreira, suscitando uma diminuição expressiva nas pensões. Já trabalhadores do setor privado e liberais verão cortes em seus salários a partir do momento em que a reforma entrar em vigor já que, em alguns casos, a contribuição mensal pode dobrar.

Em editorial, Libération critica a demora do governo em dialogar sobre a questão com os trabalhadores, deixando “a opinião pública desorientada com a confusão do discurso do executivo”. “Querem fazer economias, mas para evitar ou pausar a greve, arriscam gastar ainda mais”, afirma.

Esse também é o tom do jornal Le Figaro, que lembra que o movimento contra a Reforma da Previdência será imenso e pode prejudicar a economia do país. “Noventa por cento dos trens foram cancelados, 11 linhas do metrô em Paris não vão funcionar, 20% dos voos foram suprimidos do espaço aéreo nacional, 40% das escolas primárias estarão fechadas”, destaca o diário, salientando que a paralisação pode continuar durante vários dias, especialmente no setor dos transportes.

Movimento pode perdurar

Le Figaro acredita que o grande temor do governo é que o movimento se amplifique, a exemplo da imensa mobilização que paralisou o país em 1995, com 22 dias de greve, ou em 2003, quando mais de um milhão de trabalhadores foram para as ruas. Mais recentemente, em 2010, a França teve 13 jornadas nacionais de protestos em menos de um ano. Todos esses movimentos se opunham a projetos de Reforma da Previdência ou cortes nas aposentadorias.

Em editorial, o jornal Les Echos se pergunta se ainda é possível “reformar a França”, que tem reputação de ser “refratária”. O problema, para o diário, é que apesar de ser uma promessa de campanha, o presidente francês, Emmanuel Macron, “fracassou em obter adesão” da população sobre a questão.

Entrevistado pelo jornal, Olivier Faure, secretário do Partido Socialista, avalia que essa atitude do governo gerou a revolta dos trabalhadores, que piorou a cada semana. “Se o executivo continuar surdo às insatisfações, o conflito será pesado”, adverte. Segundo ele, a situação é tensa porque o governo tenta se mostrar progressista, mas realiza atos contraditórios, encarnando, no final ‘uma direita clássica’.

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