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Governo Trump alega não haver ‘abuso significativo’ de direitos humanos em El Salvador

Relatório contrasta com as denúncias de ONGs e de imigrantes detidos no Centro de Confinamento do Terrorismo do país

Governo Trump alega não haver ‘abuso significativo’ de direitos humanos em El Salvador
Governo Trump alega não haver ‘abuso significativo’ de direitos humanos em El Salvador
Nayib Bukele e Donald Trump, na Casa brtanca, em 14 de abril de 2025. Foto: Brendan Smialowski/AFP
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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou, nesta terça-feira 12, que não houve “abusos significativos de direitos humanos” em 2024 em El Salvador.

Em um relatório anual sobre os direitos humanos adaptado pelo governo para alinhá-lo às prioridades da política externa de Trump, Washington se mostra indulgente com El Salvador.

O presidente salvadorenho, Nayib Bukele, é um grande aliado de Trump em sua luta contra a imigração ilegal, especialmente desde que aceitou encarcerar imigrantes deportados pelos Estados Unidos em troca de dinheiro.

“Não houve relatos confiáveis de abusos significativos dos direitos humanos” no país, afirma o Departamento de Estado.

“Os relatos de violência de gangues permaneceram em um mínimo histórico sob o estado de exceção” graças às “prisões em massa”, acrescenta.

Segundo Washington, o governo salvadorenho tomou medidas “para identificar e punir os funcionários que cometeram abusos dos direitos humanos”.

Esse panorama apologético contrasta com as denúncias das ONGs e dos imigrantes detidos no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot) de El Salvador, para onde Trump expulsou, em março, mais de 250 venezuelanos acusados de pertencerem à gangue Tren de Aragua, antes de serem libertados como parte de uma troca.

Uma vez em liberdade, vários desses imigrantes relataram à AFP terem vivido um inferno com espancamentos constantes, comida estragada e celas punitivas diminutas.

Além disso, em um relatório de julho de 2024, a Human Rights Watch documentou violações dos direitos humanos contra crianças em El Salvador.

Outra ONG, a Socorro Jurídico Humanitário, denunciou à Corte Penal Internacional casos de tortura, desaparecimento de pessoas e mortes de presos neste país sob o regime de exceção invocado por Bukele como parte de sua “guerra” contra as gangues.

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