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Governo francês anuncia plano para combater prostituição de menores

O plano governamental vai custar 14 milhões de euros e envolver vários ministérios

O jornal francês Le Figaro ouviu mães que enfrentam a prostituição de filhos menores de idade. Foto: Reprodução RFI/ Adriana de Freitas
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Entre sete mil e dez mil adolescentes se prostituem na França. A maioria tem entre 15 e 17 anos de idade, e a metade começou a se prostituir aos 14. Para combater este fenômeno, em plena expansão, o governo francês anunciou nesta segunda-feira 15 um plano de 14 milhões de euros, com ações coordenadas de vários ministérios.

O jornal Le Figaro entrevistou Jennifer, uma jovem mãe de 33 anos que tenta livrar a filha menor de idade do namorado proxeneta. Ela vasculha a internet e as páginas de anúncios gratuitos para encontrar traços da filha. “É muito complicado, pois as meninas são levadas para apartamentos do Airbnb [plataforma de locação de curta duração] e os cafetões utilizam celulares pré-pagos”, conta a mãe de Assia.

Uma das dificuldades na luta contra esse tipo de fenômeno é que as menores prostituídas “não se consideram como vítimas”, explica o secretariado de Estado encarregado da Infância e das Famílias, citado pela reportagem.

Pior ainda, as menores “valorizam os efeitos benéficos da prática: autonomia financeira, resposta às necessidades fundamentais de afeição e atenção, sensação de ter controle da própria vida”, segundo o órgão do governo. Como se houvesse um “efeito Zahia”, a adolescente que teria sido um “presente de aniversário” em 2009, quando era menor de idade, aos jogadores de futebol Frank Ribéry e Karim Benzema, na época titulares da seleção francesa, e que virou símbolo de uma “prostituição glamour”.

O combate de Jeniffer durou dois anos, até finalmente ela obter o apoio de um inspetor e de um juiz da região parisiense, que levaram o caso a sério. “Deixei Assia fazer encontros durante algumas semanas, para que as investigações pudessem chegar ao namorado proxeneta”, conta. Hoje, a adolescente, que está com 17 anos, retomou os estudos. Ela também cria um bebê de dez meses, fruto de uma relação com um “cliente”.

“Prostituição é como um vício”

“Uma vez que as menores entram na prostituição, é como um vício, é muito difícil sair do esquema. Por isso, a necessidade de se aumentar a prevenção”, explica Armelle Le Bigot Macaux, presidente da ONG Agir contra a Prostituição de Crianças (ACPE), que alerta há anos sobre o fenômeno que ganha espaço na internet. Ela explica que é preciso formar profissionais – assistentes sociais, policiais e juízes – para lidar com o fenômeno.

O plano governamental vai envolver vários ministérios: Infância, Interior, Justiça, Educação Nacional, Assuntos Digitais, Cidades, Turismo e Igualdade entre mulheres e homens. O programa terá quatro eixos: sensibilizar e informar, aumentar a detecção de riscos, acompanhar os menores em situação de prostituição, e processar e repreender de maneira mais eficaz clientes e cafetões.

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