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Governo e postos de gasolina veem o início do fim da crise de combustível britânica

Diante desta ameaça à recuperação, a libra caiu mais de 1% nesta terça-feira, chegando a 1,3 dólares, seu nível mais baixo desde janeiro

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Após cinco dias de caos nos postos de gasolina, o governo britânico e os responsáveis do setor afirmaram, nesta terça-feira (28), que estão vendo sinais de “estabilização” em uma crise que levou médicos e outros trabalhadores essenciais a terem pela sua capacidade de continuarem trabalhando.

Desde sexta-feira, os motoristas causam enormes engarrafamentos nos postos de gasolina, algo que o governo atribui a um movimento de pânico, depois que alguns distribuidores anunciaram o fechamento de bombas por falta de caminhoneiros para transportar combustível a partir dos terminais de armazenamento.

A falta de caminhoneiros começou há meses, impulsionada pela pandemia e pelo Brexit. O problema também afeta o abastecimento de supermercados, lanchonetes e bares, entre outros, que relatam atrasos nas entregas e falta de alguns produtos.

Associações de médicos, enfermeiras e funcionários do sistema penitenciário exigem que trabalhadores essenciais tenham acesso prioritário aos postos de gasolina.

“Não podemos ficar duas ou três horas na fila quando temos pacientes para atender”, disse o vice-presidente da Associação Médica Britânica, David Wrigley, ao canal SkyNews, pedindo às autoridades que adotem medidas ainda nesta terça-feira.

“Se não temos combustível, isto afeta nossos pacientes”, destacou.

Em outra área, caso o problema persista, algumas escolas cogitam o retorno do ensino à distância, abandonado desde o fim das restrições contra a covid-19.

“Para muitos professores, utilizar o transporte público simplesmente não é uma opção”, afirmou Patrick Roach, secretário-geral do sindicato de professores NASUWT, que também defendeu o acesso prioritário para os profissionais da educação no momento de abastecer os veículos.

Caso os alunos tenham que ficar novamente em casa, ante o eventual fechamento das escolas ou retorno às aulas virtuais, os pais também deveriam fazê-lo e boa parte da economia, recentemente reativada após a pandemia, voltaria a ficar paralisada.

“Vamos deixar os trabalhadores essenciais reabastecerem primeiro”, afirma em sua manchete nesta terça-feira o jornal The Mirror, enquanto The Sun critica o governo de Boris Johnson pelo “caos e confusão”.

“Primeiros indícios” de melhora

Unison, uma grande organização que representa o setor público, pediu ao governo de Boris Johnson que use seus poderes de emergência para designar certas estações de serviço para que sejam utilizadas pelos trabalhadores em setores-chave.

No entanto, em um discurso nesta terça-feira à tarde na televisão britânica, o primeiro-ministro afirmou que a crise está se reduzindo.

“Vemos que a situação melhora: os industriais nos dizem que as entregas estão sendo retomadas normalmente nos postos de gasolina”, afirmou, dando a entender que, caso continue assim, o governo não tomará providências sobre o assunto.

Na segunda-feira à noite, seu Executivo pediu ao Exército que se mantivesse preparado para intervir “caso fosse necessário”. Anteriormente, ele já havia anunciado um relaxamento temporário das normas de imigração pós-Brexit para atrair mais caminhoneiros estrangeiros.

Para Brian Madderson, presidente da associação de postos de gasolina, “os altíssimos níveis de demanda observados durante o fim de semana diminuíram”. Ele acrescentou à Sky News que seus membros “veem os primeiros sinais de retorno ao equilibro”.

Sua associação, que representa 65% dos postos de gasolina do Reino Unido, afirmou que também observa os “primeiros indícios” de que a crise nas bombas está terminando, quando apenas 37% de suas estações sofriam problemas de abastecimento.

A oposição trabalhista, porém, não perdeu a chance de atribuir esta crise de combustível à “total incompetência” do governo de Johnson e a sua “gestão do Brexit”.

Uma opinião compartilhada por Olaf Scholz, ministro das Finanças da Alemanha e possível próximo chefe de Governo: “Trabalhamos duro para convencer os britânicos a não abandonar a União Europeia, mas agora que decidiram fazê-lo, espero que consigam administrar os problemas que surgem”, declarou a um jornalista britânico.

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