Cultura
Gérard Depardieu reafirma inocência em julgamento em Paris por agressão sexual
O ator foi processado por uma assistente de direção


A lenda do cinema francês Gérard Depardieu mais uma vez defendeu sua inocência nesta quarta-feira 26, quando o tribunal abordou a segunda acusação em seu julgamento em Paris por supostas agressões sexuais nas filmagens de Les Volets Verts em 2021.
“Talvez eu tenha esbarrado nela com as costas no corredor, mas não toquei nela”, disse o réu de 76 anos, que novamente negou qualquer agressão sexual durante a produção do longa de Jean Becker.
Sarah (pseudônimo), assistente de direção do filme, acusou o ator de colocar “a mão nas [suas] nádegas”, entre outras agressões, versão que manteve nesta quarta-feira, terceiro dia de julgamento.
“Eu não cometi agressão sexual; agressão é mais grave do que isso, eu acho”, disse o ator, que já havia se defendido no dia anterior das acusações da primeira denunciante, Amélie, uma cenógrafa de 54 anos.
“Mais grave do que o quê?”, perguntou o advogado de Sarah, Claude Vincent.
“Mais grave do que uma mão nas nádegas. Bem, eu não toquei nas nádegas”, respondeu Depardieu.
Em sua defesa, o premiado ator de filmes como Cyrano de Bergerac afirmou que nunca está sozinho nas filmagens, pois está acompanhado de sua equipe: figurinista, maquiador e segurança.
A denunciante, de 34 anos, não se lembra disso. Segundo seu relato, em 1º de setembro de 2021, quando acompanhou o ator do camarim ao set, “sua equipe não estava”.
“Saímos do camarim, estava escuro e, no final do caminho, ele tranquilamente colocou a mão nas minhas nádegas”, descreveu Sarah aos jurados.
A mulher explicou que o ator a agrediu duas vezes, tocando suas nádegas e seios. Nas duas vezes, “eu disse não!”, exclamou.
Em um primeiro momento, a assistente de direção não disse nada sobre o ocorrido até desabafar com seu chefe. Ele entrou em contato com a produção do filme para exigir um pedido de desculpas do ator.
Ele se desculpou “muito contrariado”, lembrou Sarah. Então, transformou sua vida em um inferno, chamou-a de “dedo-duro” e “louca” além de se recusar a trabalhar com ela, diz.
“Não queria que jovens se aproximassem do camarim porque sou grosseiro!”, disse o ator.
“Eu disse: ‘vamos deixar as pessoas que se escandalizam por nada. Prefiro que seja um homem'”, acrescentou.
“Sou vulgar, sou grosseiro, sou desbocado”, mas “não toco”, acrescentou o acusado.
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