Após o rompimento da barragem de Nova Kakhovka, na Ucrânia, na madrugada de 6 de junho, a escala em longo prazo do desastre da inundação fica cada vez mais aparente. Na estação de Mykolaiv, a primeira cidade para o interior, a aposentada Olena Lysiuk diz que não teve escolha a não ser deixar seu apartamento em Kherson, embora fosse muito alto para ser inundado. “Não é só que não temos água, gás ou eletricidade. Também nos acostumamos a não tê-los durante a ocupação russa. Mas agora o esgoto não funciona. Esse é o novo problema”, diz Lysiuk. Agora ela planeja ficar em Mykolaiv com parentes, enquanto recebe do Estado uma ajuda financeira de 10 mil hryvnia (1,3 mil reais).
Vasyl Chornyi desce de um vagão de evacuação de Kherson e acende um cigarro enquanto o trem se junta a outro. O Rio Inhulets inundou parte de sua aldeia, Fedorivka, 29 quilômetros a nordeste, e embora sua casa não tenha sido diretamente afetada ele decidiu sair por temer uma pandemia. “O cemitério está inundado, os esgotos estão inundados”, diz Chornyi, que afirma ter visto caixões a flutuar na correnteza. “Quando as águas baixarem, vai ter muitos peixes mortos, outros apodrecendo. Em Kherson, os poços estão arruinados. Os banheiros fora das casas estão inundados”.
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