Mundo
Funcionários criticam cortes do governo Trump na Nasa
Em carta, trabalhadores e ex-trabalhadores da agência espacial classificam como ‘arbitrárias’ as restrições orçamentárias propostas por Washington


Funcionários e ex-funcionários da Nasa divulgaram uma carta de objeção formal ao administrador interino da agência espacial americana, Sean Duffy, recentemente nomeado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na qual criticam os cortes orçamentais propostos pelo governo, que consideram “arbitrários”.
“Somos obrigados a levantar a voz quando nossos líderes priorizam o impulso político em detrimento da segurança humana, do avanço científico e do uso eficiente dos recursos públicos”, diz o texto divulgado nesta segunda-feira 21 no site da plataforma Stand Up for Science (Defenda a Ciência).
“Esses cortes são arbitrários e foram promulgados em violação da lei de alocações orçamentárias do Congresso. As consequências para a agência e o país são nefastas”, acrescenta o documento.
A carta é assinada por 287 pessoas que trabalham ou trabalharam na Nasa, e que estão preocupadas com o rumo que o governo Trump está tomando em relação à agência espacial.
Redução de 25% no orçamento
Trump propôs um corte de 6 bilhões de dólares para o orçamento anual da Nasa para o ano fiscal de 2026, o que representaria uma diminuição de quase 25%.
Em março, a Nasa anunciou a demissão da sua cientista-chefe, Katherine Calvin. E em 10 de julho, Trump nomeou o secretário de Transportes, Sean Duffy, como administrador interino da agência, depois de retirar a nomeação do bilionário da tecnologia Jared Isaacman, um aliado do chefe da SpaceX, Elon Musk, ex-aliado do presidente americano.
Além disso, a Casa Branca pretende alterar as prioridades da Nasa, que passaria a dar mais importância às missões de exploração com humanos em vez daquelas focadas em pesquisa.
Os signatários da chamada Declaração Voyager – em homenagem às duas sondas que atualmente exploram o espaço interestelar – discordam desses e de outros pontos, entre os quais se incluem “o fechamento de missões para as quais o Congresso alocou fundos” e “o cancelamento da participação da Nasa em missões internacionais”.
A carta lamenta ainda a rescisão de contratos e subsídios da Nasa “por razões alheias ao desempenho”, destacando que isso reduziria o número de funcionários, e denuncia uma cultura de silêncio dentro da agência espacial nunca vista nas últimas duas décadas.
Ela foi escrita após outras cartas semelhantes de funcionários da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e de trabalhadores dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) com críticas similares contra o governo Trump.
Uma carta de objeção formal é um processo oficial da Nasa para que os funcionários possam expressar desacordo em casos “com a importância necessária” que mereçam uma revisão por parte da direção da agência.
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