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França rebate relatório sobre guerra com Brasil: “Imaginação sem limites”

Documento ‘Cenários de Defesa 2040’, do Ministério da Defesa, prevê conflito pesqueiro entre Brasil e França chamado ‘Guerra da Lagosta’

Foto: Marcos Corrêa / PR
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A embaixada da França no Brasil declarou, nesta sexta-feira 7, que vê “imaginação sem limites” em relatório interno do Ministério da Defesa sobre o país europeu. A avaliação da embaixada foi publicada em perfil oficial no Twitter.

O órgão responde a um documento revelado pelo jornal Folha de S. Paulo chamado “Cenários de Defesa 2040”, em que as Forças Armadas simulam possíveis conflitos geopolíticos no futuro.

Segundo o veículo, a elite militar cogita a possibilidade de que a França seja a principal ameaça ao Brasil nos próximos 20 anos. A floresta brasileira seria o ponto central de conflito.

Um dos cenários descritos pelo oficialato tratou sobre um pedido oficial de Paris, em 2035, de intervenção das Nações Unidas na Região Ianomâmi. As Forças Armadas preveem ainda um conflito chamado “Guerra da Lagosta”, em 1960, em que Brasil e França entrariam em guerra por uma questão pesqueira.

No entanto, a França é um importante parceiro militar do Brasil. Em outubro de 2016, o brigadeiro Jair Gomes da Costa Santos chegou a definir a aliança militar entre os dois países como “de alto nível” e afirmou que “o compromisso se desdobra em todos os possíveis campos da Defesa”.

Em texto publicado no Twitter, a França diz que os brasileiros são seus principais parceiros militares entre os países latinos e ironizou os cenários descritos pelas Forças Armadas.

“Forças armadas de todos os países realizam frequentemente esse tipo de exercício de análise de cenários. Entretanto, nós saudamos a imaginação sem limites dos autores desse relatório. O fato é que o Brasil é o nosso principal parceiro estratégico na América Latina e que a França conserva, há décadas, relações de cooperação diárias, estreitas e amigáveis com as Forças Armadas brasileiras”, publicou.

O cônsul da França no Brasil, Brieuc Pont, pronunciou-se em sua rede social em tom de galhofa. “Não sei se é para ir ou chorar”, escreveu.

Em nota, o Ministério da Defesa afirmou que o documento mencionado pela Folha de S. Paulo não reflete a posição da pasta e da Escola Superior de Guerra. O trabalho citado não passou por análise no ministério.

Confira a nota na íntegra:

O documento mencionado pela Folha não reflete a posição da Escola Superior de Guerra ou do Ministério da Defesa.

Trata-se de trabalho acadêmico, desenvolvido no âmbito de uma escola, que reflete a primeira fase de um estudo preparatório, sendo importante destacar que cenários prospectivos são ferramentas empregadas por qualquer corporação ou país de sucesso e que a liberdade acadêmica é um dos requisitos fundamentais para a excelência de qualquer instituição de ensino de nível superior, como a ESG.

Naturalmente, o referido trabalho carece de análise crítica por este Ministério, para a elaboração de eventuais cenários finais.

Por fim, destaca-se a importância atribuída por este Ministério da Defesa à parceria estratégica que o Brasil e a França assumiram na área de Defesa, para o Século XXI.

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