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França: professores fazem greve contra gestão da Covid-19 nas escolas

A adesão ao movimento, estimada em 75%, pode enfraquecer o presidente Emmanuel Macron, três meses antes das eleições presidenciais

© Reprodução Twitter / @EmptyKitchens
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Exasperados com a gestão do governo da epidemia de Covid-19 na escola, os professores franceses foram convocados para uma greve nesta quinta-feira (13).

Todos os sindicatos da categoria convocaram uma paralisação nas escolas e faculdades. A greve, apoiada por vários pais e diretores, sobrecarregados com as mudanças frequentes nos protocolos de saúde nas escolas, pode levar ao fechamento de metade dos estabelecimentos do país. “Está muito complicado; os protocolos mudam a toda a hora”, disse à RFI a professora Marie Breysse. “Estamos exaustos. Além do cansaço, muitos professores estão doentes. A impressão que temos é que não somos levados a sério”, acrescentou.

Os sindicatos denunciam “uma bagunça indescritível” nas escolas causada pela quinta onda epidêmica e os protocolos sanitários que ela envolve. O governo insiste que a França é um dos países que menos fechou escolas durante a pandemia, apesar das dificuldades. “O governo anuncia as medidas, mas não pensa no que isso representa para quem trabalha nas escolas. É um inferno o que nos pedem, é um desastre”, diz Olivier Flipo, diretor de uma escola na região parisiense.

Desde o retorno às aulas após as férias de Natal, as escolas se adaptam ao novo protocolo sanitário que exige vários testes – três em quatro dias se houver um positivo na turma: um antigênico ou PCR no dia do anúncio do caso Covid, com certificado que deve ser entregue à escola, e autotestes em casa dois e quatro dias depois. A aplicação do dispositivo é complicada em meio à multiplicaçao dos casos, e levam à suspensão de milhares de cursos do ensino fundamental.

Críticas ao ministro da Educação

Na mira dos grevistas está o ministro francês da Educação, Jean-Michel Blanquer, acusado de “desprezar” e “ser autoritário” com os professores. Ele anunciou na véspera do início do ano letivo – e através da imprensa – o protocolo que se aplicaria após as férias de Natal. Desde então, as regras mudaram várias vezes.

Blanquer irritou ainda mais os professores ao afirmar que “não se faz greve contra um vírus”. Várias personalidades da oposição de esquerda pediram sua renúncia. Isso “ilustra o crescente cansaço nas escolas”, segundo o sindicato Snuipp-FSU.

O ministro da Educação, que bateu recorde de longevidade no cargo, está em posição de fragilidade, e tem pouco apoio do governo. Ele recebeu até uma crítica velada do presidente Emmanuel Macron, que pediu “mais antecipação” e melhor comunicação com as escolas.

A mobilização acontece em um momento pouco oportuno para o presidente, que ainda não anunciou oficialmente sua candidatura, mas segue favorito das pesquisas de opinião, a três meses do primeiro turno das eleições presidenciais.

Oposição reage

A candidata de direita Valérie Pécresse criticou “a desordem e o caos geral na escola”. Já Marine Le Pen, da extrema direita, acusou o governo de “atrapalhar a vida” dos franceses.O Partido Socialista, o candidato ambientalista Yannick Jadot e a esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon, exigiram a renúncia de Blanquer.

Na França, a média diária de contaminação por Covid nos últimos sete dias é de 287.603 casos, contra 198.200 há uma semana.

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