Mundo

França diz que não assinará acordo UE-Mercosul nos termos atuais

O presidente francês, Emmanuel Macron, já havia se pronunciado contra esse acordo em 2019, em crise diplomática com Bolsonaro

França diz que não assinará acordo UE-Mercosul nos termos atuais
França diz que não assinará acordo UE-Mercosul nos termos atuais
O presidente da França, Emmanuel Macron. Foto: Ludovic MARIN/AFP
Apoie Siga-nos no

A França “não assinará nos termos atuais” o acordo comercial entre a União Europeia e os países do Mercosul, declarou, nesta quinta-feira 4, o ministro do Comércio Exterior francês, que espera garantias “tangíveis” dos quatro países em questão “sobre meio ambiente e normas sanitárias”.

 

“Não ficaremos satisfeitos com uma declaração política sobre compromissos ambientais dos quatro países envolvidos (Argentina, Brasil, Uruguai, Paraguai)”, disse à AFP o ministro Franck Riester após uma reunião do comitê de monitoramento de política comercial.

“Não vamos nos contentar com uma declaração política sobre os compromissos ambientais dos quatro países envolvidos, que vai demorar muito”, acrescentou Riester.

“Nossas exigências são claras, devemos trabalhar com profundidade para que sejam o mais objetivas possíveis para o avanço do acordo”, afirmou o ministro, que lamentou que os últimos compromissos assumidos pelo Brasil em dezembro para reduzir os gases do efeito estufa tenham sido “ainda menos ambiciosos que os anteriores”.

“Se o Brasil mudar de posição na COP26 (marcada para novembro em Glasgow), seria um passo na direção certa, mas além disso, seriam necessários elementos tangíveis”, acrescentou.

Ele citou a necessidade de “um instrumento técnico e jurídico europeu para verificar se cada importação não tem um impacto negativo no desmatamento”.

Uma iniciativa legislativa europeia deste tipo “leva meses ou anos”, acrescentou.

O presidente francês, Emmanuel Macron, já havia se pronunciado contra esse acordo em 2019, em plena crise diplomática com o presidente Jair Bolsonaro devido aos incêndios na Amazônia.

Além da França, Alemanha, Bélgica, Irlanda e Áustria se mostraram relutantes recentemente para seguir adiante com o acordo, especialmente pelo desmatamento.

O acordo, que abrangeria um mercado de mais de 750 milhões de pessoas, foi anunciado formalmente em junho de 2019, após 20 anos de negociações. Sua ratificação, no entanto, foi paralisada pela ausência de mecanismos vinculantes de garantias ambientais.

Para que entre em vigor, todos os parlamentos nacionais da UE precisam ratificá-lo.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo