Mundo
Fox News anuncia a demissão de Tucker Carlson, porta-voz do trumpismo nos EUA
Saída acontece depois de a emissora ter de pagar mais de 700 milhões de dólares por afirmar, sem provas, que as eleições de 2020 no país foram fraudadas
A emissora norte-americana Fox News anunciou, nesta segunda-feira 24, a demissão do apresentador Tucker Carlson, que apresentava o programa de maior audiência do canal.
Por meio de comunicado, a emissora informou que as partes “concordaram em se separar” e agradeceu a Carlson “por seu serviço à rede como apresentador e, antes disso, como colaborador”. A última aparição do apresentador foi na última sexta-feira 21, no programa Fox News Tonight, que será apresentado, provisoriamente, por um rodízio de personalidades.
A saída do apresentador acontece após a Fox News fechar um acordo, na semana passada, de 787,5 milhões de dólares com a Dominion Voting Systems, a fabricante das urnas eletrônicas dos Estados Unidos. O acordo impediu que a fabricante movesse um processo contra a Fox News após a emissora acusar, sem apresentar provas, que as eleições de 2020 – com vitória de Joe Biden sobre Donald Trump – tinham sido fraudadas.
Tucker Carlson, o porta-voz do conservadorismo
Analista político da Fox News desde 2009, Tucker Carlson é uma das figuras mais conservadoras da mídia norte-americana. No programa Tucker Carlson Tonight, que, em 2020, foi o programa sobre política mais assistido dos Estados Unidos, o apresentador defendeu que o país norte-americano foi prejudicado pelo partido Democrata. Regularmente, o programa supera a média de 3 milhões de telespectadores.
Em várias oportunidades, ele chegou a argumentar que os protestos contra o racismo “enfraquecem os EUA”. Durante a fase aguda da pandemia de Covid-19, Carlson teceu críticas às políticas de contenção da disseminação do coronavírus, como o uso de máscaras. Lançando mão dos métodos de argumentação da extrema direita, Carlson é, também, cético em relação às mudanças climáticas.
De acordo com o jornal The New York Times, a maioria dos programas apresentados por Carlson na Fox News foram marcados por citações do que o apresentador chamava de “discriminação contra pessoas brancas”.
Carlson foi uma das figuras mais próximas ao ex-presidente Donald Trump, tendo liderado, ao lado de apresentadores como Sean Hannity e Laura Ingraham, uma das poucas coberturas abertamente favoráveis ao governo Trump na mídia tradicional dos Estados Unidos. No início deste mês, por exemplo, o apresentador realizou uma entrevista com Trump, que foi ao ar na Fox News.
Por outro lado, o processo da Dominion revelou documentos confidenciais da Fox News, que mostravam, por exemplo, a opinião de figuras importantes da emissora sobre Trump. Em um dos documentos, consta uma fala em que Carlson afirma que odiava Trump “com paixão” e que a presidência do republicano “foi um desastre”. As opiniões contrárias a Trump eram compartilhadas, segundo os documentos, pelo executivo da companhia, o empresário australiano Rupert Murdoch.
Em junho do ano passado, Carlson esteve no Brasil para entrevistar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio do Planalto. Naquela oportunidade, Bolsonaro chegou a presentear o norte-americano com um cocar indígena, o que gerou constrangimento à época.
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