Mundo
Forças Armadas da Venezuela negam incursão em águas da Guiana
A disputa entre os dois países, novamente, se concentra na região de Essequibo, rica em petróleo


As Forças Armadas da Venezuela negaram, neste domingo 2, a entrada de um navio militar em águas da Guiana e afirmaram que a embarcação realizava um patrulhamento em “espaços marítimos da costa Atlântica venezuelana”.
Essa declaração responde à denúncia do presidente guianense, Irfaan Ali, que afirmou que um navio da Marinha venezuelana entrou na Guiana no sábado, em um novo episódio da controvérsia entre os dois países sul-americanos pela região do Essequibo, um território de 160.000 km² rico em petróleo e recursos naturais.
Em um comunicado publicado no Instagram, as Forças Armadas venezuelanas rejeitam “categoricamente” as afirmações de Ali “referentes ao trânsito realizado pelo patrulheiro oceânico AB GUAIQUERÍ (PO-11) em águas pendentes de delimitação, no contexto da controvérsia sobre o território da Guiana Essequiba“.
A disputa territorial, que surgiu há mais de um século, se intensificou desde 2015, quando a gigante petrolífera americana ExxonMobil descobriu jazidas que garantem à Guiana as maiores reservas de petróleo per capita do mundo.
“A Marinha Bolivariana pôde constatar, por meio de imagens de satélite, a presença de 28 navios de perfuração e petroleiros estrangeiros na zona em disputa”, destacou a autoridade militar venezuelana.
Caracas acusa Georgetown de violar “flagrantemente o direito internacional” ao realizar “atividades de exploração e comercialização de hidrocarbonetos” em uma área cuja delimitação ainda está pendente.
Ali nega essa acusação e afirma que as embarcações flutuantes de produção, armazenamento e descarga (FPSO) da ExxonMobil, presentes no bloco Stabroek, “estão operando legalmente dentro da zona econômica exclusiva da Guiana”.
O governo do presidente chavista Nicolás Maduro considera “inadmissível” que “a Guiana disponha de um território sobre o qual existe uma controvérsia” e, além disso, conceda concessões para exploração energética.
Em abril de 2024, Georgetown concedeu um novo contrato à ExxonMobil, o que aumentou as tensões.
No dia 17 de fevereiro, a Guiana denunciou que seis de seus soldados ficaram feridos em uma emboscada realizada por supostos membros de uma gangue criminosa venezuelana. Caracas classificou a denúncia como “farsa”.
Esse episódio coincidiu com o 59º aniversário da assinatura do Acordo de Genebra entre Venezuela e Reino Unido, em 1966, antes da independência da Guiana. Esse tratado estabeleceu as bases para uma solução negociada da controvérsia territorial.
A Guiana, no entanto, rejeita esse acordo e, em 2018, pediu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que ratifique um laudo de 1899 que definiu as fronteiras em disputa e que o pacto de Genebra anulou.
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