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Forças Armadas da Venezuela negam incursão em águas da Guiana

A disputa entre os dois países, novamente, se concentra na região de Essequibo, rica em petróleo

Forças Armadas da Venezuela negam incursão em águas da Guiana
Forças Armadas da Venezuela negam incursão em águas da Guiana
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Foto: Pedro MATTEY / AFP
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As Forças Armadas da Venezuela negaram, neste domingo 2, a entrada de um navio militar em águas da Guiana e afirmaram que a embarcação realizava um patrulhamento em “espaços marítimos da costa Atlântica venezuelana”.

Essa declaração responde à denúncia do presidente guianense, Irfaan Ali, que afirmou que um navio da Marinha venezuelana entrou na Guiana no sábado, em um novo episódio da controvérsia entre os dois países sul-americanos pela região do Essequibo, um território de 160.000 km² rico em petróleo e recursos naturais.

Em um comunicado publicado no Instagram, as Forças Armadas venezuelanas rejeitam “categoricamente” as afirmações de Ali “referentes ao trânsito realizado pelo patrulheiro oceânico AB GUAIQUERÍ (PO-11) em águas pendentes de delimitação, no contexto da controvérsia sobre o território da Guiana Essequiba“.

A disputa territorial, que surgiu há mais de um século, se intensificou desde 2015, quando a gigante petrolífera americana ExxonMobil descobriu jazidas que garantem à Guiana as maiores reservas de petróleo per capita do mundo.

“A Marinha Bolivariana pôde constatar, por meio de imagens de satélite, a presença de 28 navios de perfuração e petroleiros estrangeiros na zona em disputa”, destacou a autoridade militar venezuelana.

Caracas acusa Georgetown de violar “flagrantemente o direito internacional” ao realizar “atividades de exploração e comercialização de hidrocarbonetos” em uma área cuja delimitação ainda está pendente.

Ali nega essa acusação e afirma que as embarcações flutuantes de produção, armazenamento e descarga (FPSO) da ExxonMobil, presentes no bloco Stabroek, “estão operando legalmente dentro da zona econômica exclusiva da Guiana”.

O governo do presidente chavista Nicolás Maduro considera “inadmissível” que “a Guiana disponha de um território sobre o qual existe uma controvérsia” e, além disso, conceda concessões para exploração energética.

Em abril de 2024, Georgetown concedeu um novo contrato à ExxonMobil, o que aumentou as tensões.

No dia 17 de fevereiro, a Guiana denunciou que seis de seus soldados ficaram feridos em uma emboscada realizada por supostos membros de uma gangue criminosa venezuelana. Caracas classificou a denúncia como “farsa”.

Esse episódio coincidiu com o 59º aniversário da assinatura do Acordo de Genebra entre Venezuela e Reino Unido, em 1966, antes da independência da Guiana. Esse tratado estabeleceu as bases para uma solução negociada da controvérsia territorial.

A Guiana, no entanto, rejeita esse acordo e, em 2018, pediu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que ratifique um laudo de 1899 que definiu as fronteiras em disputa e que o pacto de Genebra anulou.

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