Mundo

Fogo em ajuda humanitária partiu de opositor de Maduro, diz ‘NYT’

Imagens sugerem que incêndio em comboio foi iniciado por coquetel molotov lançado por manifestante antigovernamental

Fogo em ajuda humanitária partiu de opositor de Maduro, diz ‘NYT’
Fogo em ajuda humanitária partiu de opositor de Maduro, diz ‘NYT’
Créditos: EBC
Apoie Siga-nos no

O incêndio em um comboio de ajuda humanitária enviado à Venezuela, cujas imagens foram reproduzidas na imprensa mundial e na internet e provocaram uma condenação de Washington contra o governo de Nicolás Maduro, foi acidentalmente causado por um manifestante opositor, de acordo com o jornal americano New York Times.

Após os incidentes, ocorridos em 23 de fevereiro na fronteira com a cidade colombiana de Cúcuta, os Estados Unidos atribuíram a Maduro a incineração dos caminhões. O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, escreveu que “o tirano de Caracas dançava, enquanto seus capangas queimavam alimentos e remédios”.

O Departamento de Estado dos EUA publicou um vídeo em que afirma que Maduro ordenou que os caminhões fossem queimados. A oposição venezuelana divulgou imagens do comboio em chamas, reproduzida por veículos de notícias, como prova da crueldade de Maduro.

No entanto, o New York Times refutou tal tese em sua edição do último domingo 10. Com a ajuda de vídeos inéditos obtidos pelo jornal americano foi feita uma reconstrução do incidente. A reportagem afirma que as imagens sugerem que “um coquetel molotov lançado por um manifestante antigovernamental foi o gatilho mais provável do fogo”.

De acordo com a reconstrução feita pelo New York Times, a polícia venezuelana bloqueava a passagem entre os dois países para impedir a entrada do comboio de ajuda humanitária quando uma “bomba caseira feita com uma garrafa” pôde ser vista voando em direção às forças de segurança.

Leia também: Apagão na Venezuela entra no quarto dia e número de mortes aumenta

O diário americano apontou que as imagens inéditas e outras divulgadas anteriormente – incluindo material liberado pelo governo Colombiano, que culpou Maduro pelo incêndio – mostram que uma parte em chamas deste coquetel molotov se desprende da garrafa no ar e cai perto de um dos caminhões. Poucos segundos depois, este caminhão estava em chamas e o fogo se alastrou aos outros veículos do comboio.

Desde então, circularam as imagens dos caminhões em chamas e informações sem verificação em tom acusatório contra o governo de Maduro.

“É um exemplo clássico de como desinformação se espalha na internet”, disse o New York Times, que acrescentou que a rodada de sanções impostas por Washington logo depois foi parcialmente motivada por estas informações.

O governo da Colômbia foi um dos responsáveis por impulsionar a teoria de que Maduro ordenou a queima da ajuda humanitária – Bogotá enviou a autoridades dos EUA e jornalistas colombianos imagens de câmeras de segurança gravadas da ponte que separa os dois países.

Leia também: Guaidó x Maduro: a maior luta pelo poder dos últimos tempos

No entanto, o New York Times apontou que este vídeo distribuído pelo governo colombiano foi manipulado. A edição continha círculos vermelhos para destacar membros das forças de segurança venezuelanas que jogaram gás lacrimogêneo em direção ao caminhão. Imagens subsequentes mostram fumaça saindo do caminhão, levando à dedução de que as forças de segurança foram responsáveis pelo fogo.

O vídeo em questão “suprime o período de 13 minutos anteriores ao início do incêndio”, afirmou o New York Times, que pediu ao gabinete do presidente da Colômbia, Iván Duque, para divulgar o vídeo inteiro – sem sucesso.

O New York Times contatou também o porta-voz do autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, que disse não ter “informações exatas” sobre possíveis informações contraditórias sobre o incêndio no comboio de ajuda humanitária.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.

O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.

Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.

Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo