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Finlândia enfrenta ascensão da extrema direita e primeira-ministra pode perder eleição

A eleição acontece em meio ao processo de entrada do país na Otan

A extremista Riikka Purra. Foto: Roni Rekomaa / LEHTIKUVA / AFP
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Neste domingo 2, a Finlândia vai às urnas em uma acirrada eleição legislativa. A primeira-ministra Sanna Marin, do partido social-democrata, tenta permanecer no poder, mas as pesquisas mostram três partidos em empate técnico. Em primeiro lugar, o partido de centro-direita Coligação Nacional tem 19,8% das intenções de voto. Na sequência, a extrema direita do Partido dos Finlandeses reúne 19,5% da preferência, enquanto a atual primeira-ministra aparece com 18,7% das intenções de voto.

A votação deste domingo dirá se os finlandeses querem ou não manter o governo nas mãos da social-democrata Sanna Marin, de 37 anos. Os eleitores vão escolher a formação do parlamento e, tradicionalmente na Finlândia, o cargo do primeiro-ministro é dado ao líder do partido que sair das urnas com o maior número de vagas.

Os social-democratas têm diante de si não apenas a direita tradicional, liderada por Petteri Orpo, mas o crescimento na intenção de votos do partido anti-imigração comandado por Riikka Purra, que aparecem empatados com quase 20% dos votos cada.

“É uma situação de suspense e é difícil dizer nesta fase qual partido será o primeiro no dia da votação”, diz Tuomo Turja, da empresa de pesquisas Taloustutkimus.

A eleição acontece em meio ao processo de entrada da Finlândia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a adesão pode ser oficializada na próxima semana.

Figura de rockstar ou alvo de ódio

Quando chegou ao poder em 2019, Sanna Marin ficou internacionalmente conhecida como a governante mais jovem do mundo. Ela tornou-se chefe de governo após a renúncia de seu camarada Antti Rinne.

De lá para cá, ela tornou-se um forte símbolo para os progressistas enquanto ganhava desafetos ferrenhos entre conservadores.

“Sanna Marin é uma figura que causa polarização. Ela tem fãs como uma estrela do rock, mas há muitas pessoas que não a suportam”, diz Marko Junkkari, um jornalista político do diário líder Helsingin Sanomat.

Além disso, seu governo se baseia em uma aliança em crise de cinco partidos. A coligação no poder reúne os social-democratas, o centro, os ecologistas, a Aliança de Esquerda e um partido de língua sueca. No entanto, ao menos os centristas já afirmaram que não renovarão a aliança pouco importa o resultado das eleições.

Inflação e rejeição à imigração

Sanna Marin está sendo atacada pela oposição por conta da dívida pública, que aumentou em quase 10 pontos do PIB durante seu mandato.

“As previsões são muito ruins. Nossas finanças públicas entrarão em colapso e isto levará à erosão dos alicerces de nosso estado de bem-estar”, afirma o candidato de direita Petteri Orpo, defensor de um plano de poupança de 6 bilhões de euros.

O aumento da inflação nos países europeus é outra preocupação da população finlandesa, que também assiste temerosa aos problemas ligados à imigração em outros vizinhos.

Foram esses os dois temas usados na campanha do partido nacionalista de extrema direita para alçar seu potencial de votos. Apontando a Suécia como o exemplo a não ser seguido, o candidato Riikka Purra insistiu ao longo das semanas sobre os riscos de aumentar o número de imigrantes neste país, que tem uma das mais baixas taxas da Europa de residentes nascidos no exterior.

O Partido dos Finlandeses aponta como meta a longo prazo a saída do país da União Europeia e pretende jogar para frente a meta de neutralidade de carbono da Finlândia, atualmente estabelecida para 2035.

Independentemente do resultado deste domingo, as negociações para formar um governo serão difíceis e o partido centrista será o fiel da balança. Sem o apoio do Centro, a direita ou a extrema direita têm poucas chances de construir uma maioria.

“Atualmente, o cenário mais provável é um governo vermelho-azul baseado na Coligação Nacional e no SDP”, diz Tuomo Turja.

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