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Filha de Trump depõe em NY e pode complicar ex-presidente americano, acusado de fraude

Ao contrário dos outros quatro processos criminais em que é acusado, Donald Trump não corre o risco de ser condenado à prisão neste julgamento civil

Ivanka Trump. Foto: MANDEL NGAN / AFP
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Nesta quarta-feira (08), Ivanka Trump encerra o ciclo de testemunhos da família no processo que investiga as Organizações Trump por fraude. Segundo a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, o ex-presidente e os filhos Eric e Don Jr., teriam encoberto o valor de propriedades e ativos para obter vantagens financeiras em pedidos de empréstimos e contratação de seguros.

O testemunho de Ivanka é aguardado com grande expectativa pela imprensa americana, já que ela tem tentado manter uma certa distância da política e dos negócios do pai desde que se mudou com a família para a Flórida.

Além disso, em declaração à comissão que investiga o ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, ela teria dito acreditar na idoneidade do processo eleitoral, indo contra a tese do pai de que as eleições teriam sido roubadas.

Acusações de fraude

A filha mais velha de Trump, que já foi vista como a sua sucessora nos negócios da família, ficou fora dos holofotes desde que o pai deixou a presidência dos Estados Unidos. Quando Trump perdeu as eleições de 2020, Ivanka e seu marido, Jared Kushner, mudaram de Washington para Miami e se afastaram da política.

Nesta quarta-feira, Ivanka terá que responder às perguntas sobre seu papel nas empresas do pai, as Organizações Trump e suas ações com relação a várias transações imobiliárias, incluindo a possível supervalorização do apartamento onde ela morava em Nova York. A acusação do caso alega que o imóvel teria sido avaliado pela empresa duas vezes e meia acima do seu valor real.

Três empresas ligadas a Ivanka foram intimadas pela Justiça, pois existe a suspeita de que as Organizações Trump pagavam ou gerenciavam as despesas pessoais dela, como empregadas domésticas, cartões de crédito, impostos e até mesmo moradia.

O depoimento de Ivanka nesta quarta-feira deve girar em torno das várias transações imobiliárias que, segundo a procuradora-geral, poderiam ter envolvido informações falsas, incluindo a obtenção de empréstimos do Deutsche Bank para projetos em Washington e Miami.

Testemunha chave

Ivanka Trump é a última integrante da família a ser ouvida pelo juiz Arthur Engoron. Donald Trump foi ouvido nesta segunda-feira (06) e seus outros dois filhos, Donald Junior e Eric, que eram vice-presidentes executivos das Organizações Trump e também estão sendo processados, testemunharam na semana passada.

Tanto Donald quanto Eric negaram qualquer envolvimento nas demonstrações financeiras do pai, sugerindo que confiaram em contadores e outros especialistas para garantir que os números estavam corretos.

Ivanka, no entanto, pode não estar tão disposta a acobertar as fraudes nos negócios da família. Desde que Trump anunciou sua campanha presidencial para 2024, a filha mais velha e antes braço direito de Trump vem tentando se afastar do espectro político do pai.

Já no seu depoimento ao comitê que investiga o ataque ao Capitólio, Ivanka deixou claro que discordava do pai, ao dizer que ela não acreditava que a eleição de 2020 tivesse sido conduzida de forma fraudulenta.

Mary Trump, que é sobrinha do ex-presidente e sua crítica ferrenha, declarou à imprensa na semana passada que acredita que o testemunho de Ivanka pode ser o empurrão que falta para uma decisão desfavorável da Justiça com relação ao ex-presidente.

Acusação põe em risco negócios em NY

Antes mesmo de o julgamento começar, no mês passado, o juiz Arthur Engoron considerou o ex-presidente, sua empresa e vários executivos, incluindo os filhos mais velhos de Trump, responsáveis por fraude.

As licenças comerciais das Organizações Trump foram suspensas, mas a equipe jurídica de Trump recorreu da decisão. A divisão de apelação de Nova York acatou o pedido e suspendeu a revogação até que o caso seja definido, mas se recusou a suspender as outras partes da ação legal por fraude.

Ao contrário dos outros quatro processos criminais em que é acusado, Donald Trump não corre o risco de ser condenado à prisão neste julgamento civil.

Com a fraude já comprovada, o julgamento incide sobre o montante da multa. O valor proposto pela procuradora-geral, Letitia James, gira em torno dos US$ 250 milhões.

Segundo as provas apresentadas pela procuradora, entre 2014 e 2021, os acusados supervalorizaram ativos do grupo entre US$ 812 milhões a US$ 2,2 bilhões. Estes balanços foram encontrados nos registros financeiros anuais das empresas do ex-presidente.

Caso condenado, além do pagamento da multa, o bilionário republicano perderia o controle de parte de seu império imobiliário, como a icônica Trump Tower. Além disso, Trump e seus filhos poderiam ficar proibidos de fazer negócios em Nova York.

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