Mundo
Negros dos EUA recebem mensagens racistas mandando ‘colher algodão’ após vitória de Trump
Os disparos foram identificados em pelo menos nove estados americanos, como a Virgínia, Nova York e a Califórnia


O FBI anunciou nesta sexta-feira 8 que está investigando relatos de mensagens de texto racistas direcionadas a negros dos Estados Unidos. As mensagens, enviadas após a eleição do republicano Donald Trump, convocam o receptor para colher algodão como escravizado.
Os disparos foram identificados em pelo menos nove estados americanos, como a Virgínia, Nova York e a Califórnia. Segundo os relatos, os principais alvos foram crianças, adolescentes e universitários.
“O FBI está ciente das mensagens de texto ofensivas e racistas enviadas a indivíduos em todo o país e está em contato com o Departamento de Justiça e outras autoridades federais sobre o assunto. Como sempre, incentivamos o público a denunciar ameaças de violência física às autoridades policiais locais”, disse o órgão em nota.
Uma das mensagens recebidas que foram divulgadas nas redes sociais. O texto afirma que o receptor da mensagem foi ‘selecionado’ para a próxima colheita de algodão. Foto: Reprodução
Segundo as denúncias, as mensagens começaram a ser enviadas nesta quarta-feira 13, após o resultado da eleição que consagrou a vitória Donald Trump sobre Kamala Harris. A porta-voz da campanha do republicano, Karoline Leavitt, disse à CNN que a campanha presidencial de Donald Trump “não tem absolutamente nada a ver com essas mensagens de texto”.
Derrick Johnson, presidente da NAACP, uma entidade ligada aos direitos civis nos EUA, associou o envio das mensagens com a eleição de Trump. “A infeliz realidade de eleger um presidente que, historicamente, abraçou e às vezes encorajou o ódio, está se desenrolando diante de nossos olhos”.
“Essas mensagens representam um aumento alarmante na retórica vil e abominável de grupos racistas em todo o país, que agora se sentem encorajados a espalhar o ódio”, completou.
A colheita de algodão é frequentemente associada aos escravizados norte-americanos, já que uma grande quantidade era obrigada a trabalhar nas plantações de algodão, açúcar e tabaco do País.
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