Nos arredores da capital turca, em um distrito eleitoral disputado, dois jovens discutiam, em uma loja de doces, com o cheiro de açúcar e manteiga quente no ar, sobre a eleição que se aproximava. Iflah Oluklu, rapaz magro de 23 anos com cabelo descolorido, jeans preto e camiseta preta justa, repreendeu seu amigo por desrespeitar alguns apoiadores do presidente turco, enquanto eles jogavam um videogame online. Os dois amigos estão divididos em suas lealdades. Oluklu descreveu-se como um nacionalista e disse que pretendia apoiar Recep Tayyip Erdogan em uma eleição presidencial fortemente disputada, em 14 de maio. “Erdogan é como uma figura paterna para nós, na Turquia. Ele dirige o país há 20 anos. Não acho impossível tirá-lo da liderança, mas, principalmente com esta oposição, ninguém pode substituí-lo.”
Seu amigo Kaan, antigo apoiador da principal legenda de oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP), que não quis dar seu sobrenome, discordou silenciosamente. “Simplesmente, não acho que este país seja bem governado, e quero que as vozes sejam ouvidas pelos que estão no poder”, disse. “Eu realmente acho que este pode ser o fim de Erdogan”, acrescentou com cautela. “Ou, ao menos, espero que sim.”
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