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Extrema direita se fortalece após eleições na Polônia

Partido nacional-conservador PiS conquista seu melhor resultado dos últimos anos na Polônia, mas amarga derrotas em cidades importantes

Extrema direita se fortalece após eleições na Polônia
Extrema direita se fortalece após eleições na Polônia
Políticos poloneses comemoram vitória nas eleições parlamentares de 2019 - Foto: Jaap Arriens/AFP
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O partido nacional-conservador Lei e Justiça (PiS) foi o grande vencedor das eleições parlamentares da Polônia. Com 99,5% das urnas apuradas, a legenda conquistou 43,8% dos votos, segundo resultados oficiais divulgados nesta segunda-feira 14, garantindo um segundo mandato no comando do país.

A coalizão liberal de centro-esquerda Plataforma Cívica (PO) ficou em segundo lugar, com 27,2% dos votos. Em seguida vem a aliança A Esquerda, com 12,5%, o que permitiu o retorno da esquerda ao Parlamento, após ter perdido todos os assentos no pleito anterior. O bloco composto pelo agrário PSL e o antissistema Kukiz’15 alcançou 8,6%, e o extremista de direita Confederação, que é abertamente antissemita e homofóbico, ficou com 6,8%.

O PiS atraiu os eleitores com suas políticas populares de benefícios sociais e obteve mais apoio do que há quatro anos, quando chegou ao poder com 38% dos votos. O partido conquistou ainda o melhor resultado de uma única legenda em eleições parlamentares desde o fim do comunismo, há 30 anos.

A sigla, porém, perdeu a maioria dos assentos na câmara alta do Parlamento. “Ganhamos o Senado de volta. Obrigada pelo acordo dos partidos de oposição”, anunciou Katarzyna Lubnauer, líder de um dos partidos oposicionistas. A participação eleitoral bateu recorde, chegando a 61%. A forte presença nas urnas é vista como um sinal da importância das eleições deste ano.

Apesar dos resultados, os líderes do PiS não ficaram tão entusiasmados, pois não alcançaram a vitória esmagadora que desejavam para mudar a Constituição. A legenda quer transformar o país num Estado moderno enraizado no catolicismo e conservadorismo, rejeitando o aborto e direitos LGBT.

Líder do partido PiS, Jaroslaw Kaczynski comemora vitória nas eleições presidenciais da Polônia – Foto: Wojtek Radwanski/AFP Photo/AFP

“Conseguimos muito, mas merecemos mais”, afirmou o líder do partido, Jaroslaw Kaczynski, acrescentando que deseja uma nova Constituição para “garantir uma verdadeira democracia”. Críticos temem que essa manobra seja uma forma de a legenda se manter no poder.

De acordo com a União Europeia, nos quatro anos que esteve no comando da Polônia, o PiS promoveu reformas que corroeram a independência da Justiça no país. A legenda, por sua vez, alega que as mudanças são necessárias para tornar o sistema mais eficiente e justo.

O partido também vem usando a mídia pública para se promover e pressionar a oposição, inclusive com a ameaça de estatizar meios de comunicação, colocando em risco a liberdade de imprensa. Apesar da vitória a nível nacional, o PiS amargou derrotas em importantes cidades do país. A Plataforma Cívica conquistou 60% dos votos na capital Varsóvia, contra 28% da legenda nacional-conservadora.

Durante a campanha, o PiS fomentou a homofobia, acusando homossexuais de “influenciar uma invasão estrangeira” que ameaçava a identidade nacional da Polônia. A legenda defendeu ainda a substituição de elites culturais e econômicas por pessoas que possuem valores patrióticos para eliminar a rede de influência da “era comunista”.

Analistas avaliam que o PiS assumirá uma postura ainda mais próxima da extrema direita a fim de conquistar o apoio da legenda Confederação. Um dos desafios do novo governo será uma reforma fiscal num momento de desaceleração da economia, que pode pressionar o orçamento e as políticas dispendiosas de assistência social.

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