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Explosões e ameaças marcam eleições presidenciais no Afeganistão

Pelo menos uma pessoa morreu e 16 ficaram feridas; talibã considera governo afegão como fantoche de Washington

Afegãos vão às urnas em eleições presidenciais. (Foto: Noorullah Shirzada AFP)
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Os centros de votação para as eleições presidenciais no Afeganistão estão abertos neste sábado (28) em todo o país, sob ameaças de atentados dos talibãs. Apenas uma hora depois do início da votação, explosões já haviam sido registradas em cidades como a capital, Cabul, Jalalabad e Kandahar.

Pelo menos uma pessoa morreu e 16 ficaram feridas. Mais de 72 mil soldados estão nas ruas para tentar garantir a segurança dos 9,6 milhões de eleitores, que foram ameaçados diversas vezes nos últimos dias pelos radicais islâmicos. Eles anunciaram que visariam “as seções e os centros de votação abertos para esse espetáculo”. Na última década, todas as eleições afegãs foram alvo de ataques no país.

Os riscos, somados ao ceticismo em relação à transparência da votação e à própria política, fazem com que a esperada alta taxa de abstenção seja um dos principais problemas do pleito. Entretanto, a eleição deste sábado é crucial para determinar o futuro interlocutor entre os talibãs, de um lado, e os americanos, de outro. A votação ocorre no momento em que o diálogo está paralisado, o que significa que a paz permanece distante.

Eleitores acostumados com a violência

Dezoito candidatos concorrem à presidência, mas apenas o atual líder, Ashraf Ghani, e chefe do executivo, Abdullah Abdullah, têm chances de vencer. “Eu sei que é arriscado, mas as bombas e os ataques fazem parte do nosso cotidiano”, afirmou à AFP Mohiuddin, um eleitor de 55 anos, em Cabul. “Não tenho medo. Nós precisamos votar, se quisermos mudar as nossas vidas”, disse.

A campanha eleitoral começou no fim de julho, quando um atentado fez 20 mortos. Mais de 100 pessoas morreram depois, em outros ataques reivindicados pelos talibãs e relacionados à eleição. A votação deveria ter sido realizada em abril de 2019, mas foi adiada duas vezes.

O futuro chefe de Estado liderará um país em guerra, no qual 55% da população vive com menos de dois dólares por dia e onde o conflito com os insurgentes matou mais de 1.300 civis no primeiro semestre de 2019, de acordo com a ONU.

Trump rompe com talibãs

Ashraf Ghani e Abdullah Abdullah já se enfrentaram nas urnas na eleição passada, em 2014, ofuscada por múltiplas acusações de fraude. A votação gerou uma grave crise constitucional que obrigou os Estados Unidos, sob a presidência de Barack Obama, a impor um compromisso político aos dois homens. Nada indica que o atual presidente Donald Trump esteja disposto a agir como mediador.

As eleições deste sábado ocorrem depois de o presidente americano encerrar brutalmente, no início de setembro, as negociações entre os Estados Unidos e o talibã a respeito da retirada das tropas americanas do país.

Um acordo entre as partes parecia iminente e vários observadores previam a suspensão das eleições para permitir a implementação do plano de retirada. O talibã sempre se recusou a negociar com o governo de Cabul, considerando-o um “fantoche” de Washington. De fato, o governo afegão foi totalmente excluído das negociações realizadas no Catar nos últimos meses.

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